A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou em sua conta no Twitter, às 19h31 (pelo horário de Brasília) desta quinta-feira (28), que o cometa Ison, mais conhecido como “cometa do século”, se desintegrou ao passar “perto” do Sol nesta tarde.
Segundo a ESA, os cientistas que trabalham no Observatório Solar e Heliosférico (Soho) confirmaram a informação.
Mais cedo, a agência europeia já havia comentado na rede social que as últimas imagens analisadas indicavam um “adeus” ao Ison.
Segundo cientistas ouvidos pela agência Reuters, o cometa sumiu sem deixar traços de sua cauda brilhante nem de rocha ou poeira. Se o Ison ou qualquer grande fragmento tivesse sobrevivido à passagem de raspão pelo Sol, estaria visível a olho nu na Terra dentro de uma ou duas semanas.
A agência espacial americana (Nasa) também fez comentários em seu Twitter sobre a morte do cometa, e o comparou com o personagem da mitologia grega Ícaro, que construiu asas de cera para poder voar, mas, ao se aproximar demais do Sol, teve seu aparato derretido pelo calor e acabou caindo de forma fatal no mar Egeu.
A Nasa também citou a letra de uma música do americano Neil Sedaka, chamada “Breaking up is hard to do”, em alusão à possível evaporação completa do cometa. “Continuaremos aprendendo”, finalizou a Nasa no post.
O Ison chegou nesta quinta-feira a cerca de 1,2 milhão de quilômetros de distância do Sol. Segundo os astrônomos, seu núcleo de gelo e corria um grande risco de se desintegrar com o calor.
No auge da aproximação, o cometa se deslocava a mais de 350 km/s pela atmosfera solar. A essa distância, alcançou temperaturas de 2.760° C, o suficiente para vaporizar não só o gelo do corpo do cometa, mas também a poeira e as rochas dele.
O Ison foi descoberto em setembro do ano passado, quando ainda estava bem além de Júpiter. Ele podia ser localizado na constelação de Virgem, visto a partir da Terra.
O cometa se manteve relativamente calmo até o dia 1° deste mês, quando liberou uma grande quantidade de gás e poeira. No dia 13, houve uma segunda liberação de matéria, aumentando ainda mais sua atividade. Essas perdas de material foram causadas pelo intenso calor do Sol, cuja radiação atingiu o minúsculo núcleo do Ison à medida que ele se aproximava do astro.
Jornada de 5,5 milhões de anos – O cometa enfrentou uma longa jornada de 5,5 milhões de anos até o centro do Sistema Solar.
“Não estou vendo nada que tenha surgido detrás do disco solar. Essa pode ser o prego no caixão”, disse o astrofísico Karl Battams, do Laboratório de Pesquisa Naval, em Washington, durante uma transmissão ao vivo da TV Nasa.
“É triste que tenha aparentemente terminado dessa forma, mas vamos aprender mais sobre esse cometa”, acrescentou.
Os cientistas acreditam que os cometas sejam vestígios congelados da formação do sistema solar, há cerca de 4,5 bilhões de anos. A família à qual o Ison pertence reside na Nuvem de Oort, localizada cerca de 10 mil vezes mais longe do Sol que a Terra.
Ocasionalmente, um cometa da Nuvem Oort é gravitacionalmente empurrado para fora por uma estrela que passa, iniciando uma trajetória de milhões de anos até o interior do Sistema Solar. Modelos informatizados mostram que o Ison nos fazia sua primeira visita.
“Espero ver outro em breve”, disse Dean Pesnell, cientista do projeto no Observatório de Dinâmica Solar da Nasa. (Fonte: G1)