Apesar de já terem sido consumidos US$ 1,2 bilhão em recursos públicos para despoluir a Baía de Guanabara, as águas de um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro e que serão palco das provas de iatismo dos Jogos Olímpicos de 2016 continuam uma “latrina”, afirmou em entrevista à Agência Efe o biólogo Mario Moscatelli, um de seus principais defensores.
Para Moscatelli, “quem deveria fiscalizar os maus administradores públicos, ou está fiscalizando mal ou não está fiscalizando”. Só assim, segundo ele, se pode entender que passados 20 anos e gastos mais de US$ 1,2 bilhão, a Baía de Guanabara “continue praticamente a mesma, ou seja, uma grande latrina e uma grande lata de lixo”.
O biólogo alega que o atual trabalho de limpeza dos rios que desembocam na baía é insuficiente. Na sua opinião de Moscatelli, são necessários “pelo menos cinco unidades de tratamento e um trabalho intensivo de recuperação e limpeza” para cumprir o compromisso assumido pelo governo estadual de limpar 80% das águas da baía até 2016. A promessa foi feita ao Comitê Olímpico Internacional (COI) quando o Rio de Janeiro foi escolhido sede dos próximos Jogos Olímpicos.
Segundo o biólogo, as principais ações para despoluir a baía foram deixadas para os próximos 32 meses, até os Jogos de 2016, o que o faz ter “uma forte expectativa e muita angústia de que se perca o pouco tempo que falta”. Atualmente, ele afirma, a situação é “dramática” em grandes áreas da baía, como no Canal do Fundão.
“Apesar das obras que foram feitas recentemente de dragagem, a quantidade de esgoto que desce dos rios e dos canais é muito grande. então, você praticamente não tem mais vida nesse canal. Você tem áreas da Baía de Guanabara extremamente contaminadas que, devido à descarga de esgoto dos rios, praticamente são desprovidas de vida”, declarou.
Para Moscatelli, “infelizmente, a Baía de Guanabara se transformou numa grande galinha dos ovos de ouro pros maus administradores públicos”, criticou.
“O que nós precisamos efetivamente são bons projetos, cronogramas, bons administradores públicos, e fiscalização. E quem não usar adequadamente o recurso público, ‘cana’, ‘cana’. Nós precismos é terminar com a impunidade no uso dos recursos públicos no Brasil, porque aqui não falta dinheiro, o que está faltando é vergonha na cara”, finalizou. (Fonte: Terra)