Uma das grandes preocupações de astronautas é prevenir e combater incêndios. E o trabalho de bombeiro é diferente do que ocorre na Terra, já que, em microgravidade, as chamas se comportam de uma maneira diferente – e imprevisível.
Conforme os gases quentes sobem, eles criam correntes de ar que levam mais oxigênio e “levantam” a chama, o que causa a sua forma de lágrima. Contudo, na microgravidade o conceito de “em cima” e “embaixo” não existe – ou seja, os gases quentes se expandem para todos os lados. O resultado é uma chama com forma de bolha.
Na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), a ventilação “substituiu” o movimento natural do ar e, em conjunto com a baixa gravidade, faz com que, em caso de incêndio, as chamas se espalhem para todos os lados.
“A combustão em microgravidade é um problema muito difícil, e há muitos engenheiros e cientistas que trabalham para entendê-la melhor”, diz Gary A. Ruff, engenheiro aeroespacial do Centro de Pesquisa Glenn, em Ohio, Estados Unidos.
Todos os materiais que vão para o espaço passam antes por um teste em uma câmara. Contudo, alguns itens são muito importantes e, mesmo sendo inflamáveis, são enviados para fora do planeta.
Outro desafio é detectar um incêndio. Como no espaço a fumaça não “sobe”, os detectores são posicionados nas saídas de ventilação, para onde a fumaça deve seguir.
Fogo no espaço – A ISS nunca experimentou um incêndio. Contudo, em 1997, um gerador de oxigênio da estação russa Mir pegou fogo. Testes feitos na época mostraram que as chamas acabaram quando o oxigênio chegou ao fim. O fogo não causou maiores danos aos astronautas e a estação “sobreviveu” até 2001. Contudo, o incêndio serviu de experiência para os homens do espaço.
Na ISS, no caso de fogo, os próprios astronautas trabalham como bombeiros e seguem três passos. Primeiro: desligar o sistema de ventilação para diminuir a velocidade com que as chamas se propagam. Dois: desligar a energia da unidade afetada. Terceiro: apagar as chamas com extintores.
Estudo – A ISS contem um minilaboratório para estudar como o fogo se comporta no espaço – chamado de Experimento de Extinção de Chamas (Flex, na sigla em inglês). Desde 2009, já foram feitos centenas de experimentos.
Em um dos experimentos, os astronautas queimaram gotas de combustível que flutuavam dentro do Flex. O resultado não era esperado pelos cientistas.
A chama desapareceu na frente dos astronautas, mas os instrumentos mostravam que o fogo não parou. Esse fenômeno é chamado de “chama fria”: a temperatura do fogo pode cair o suficiente, sem que este seja extinto, para que a chama fique invisível aos olhos humanos.
O resultado, afirmam os cientistas, tem implicações na Terra. A indústria automobilística já está de olho no Flex e em suas chamas frias para desenvolver motores mais eficientes e menos poluentes para os carros. (Fonte: Terra)