O Projeto Andar de Novo, liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, foi citado na edição da revista “Nature” desta quinta-feira (2) como um dos estudos que merecem ser acompanhados de perto em 2014. A lista conta com dez trabalhos em andamento.
O brasileiro, que atua na Universidade Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos, lidera o desenvolvimento do exoesqueleto, equipamento que pretende fazer um jovem paraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014.
A expectativa é que o equipamento possa ser conectado diretamente ao cérebro do paciente, que então controlaria as partes mecânicas como se fossem membros de seu próprio corpo. Dessa forma, seria possível que um paraplégico chutasse uma bola.
Cerca de cem cientistas americanos, europeus e brasileiros trabalham no Projeto Andar de novo (Walk Again Project, em inglês), uma parceria entre a Universidade Duke e instituições de Lausanne (na Suíça), Berlim e Munique (ambas na Alemanha), Natal e São Paulo.
A técnica faz parte de uma linha de pesquisa conhecida como “interface cérebro-máquina”, com a qual Nicolelis já obteve resultados internacionalmente relevantes. Em um dos mais importantes, o neurocientista fez com que macacos não só controlassem uma mão virtual, como também sentissem uma espécie de tato quando exerciam a atividade.
Desde novembro, alguns candidatos a usar o traje fazem exercícios e preparação específica em São Paulo, na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), onde funcionará um laboratório dirigido por Nicolelis.
O pesquisador explicou anteriormente que pequenos experimentos já foram feitos com humanos, com partes do equipamento.
De olho no espaço e no clima – A lista da “Nature” destaca ainda o projeto da Agência Espacial Europeia (ESA), que deve despertar a sonda Rosetta neste mês, dez anos após o equipamento ser lançado ao espaço. Rosetta tentará pousar no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e o robô irá recolher amostras e registrar imagens quando o corpo celeste se aproximar do Sol, em 2015.
A divulgação dos novos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, também foram destacados na publicação científica. Dois documentos, um que trata sobre o impacto da mudança climática nos países e outro que divulga o que deve ser feito pelos governos para reduzir os danos, devem ser divulgados a partir de março.
O primeiro relatório, chamado de “Sumário para os Formuladores de Políticas”, foi divulgado em setembro e informava que há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau – a edição anterior falava em mais de 90%.
A “Nature” também cita pesquisas que buscam a cura para o vírus HIV, desenvolvimento de medicamentos para curar o câncer, regeneração de células-tronco e criação de novas formas de energia renovável. (Fonte: G1)