Pesquisa analisa processo de invasão de planta exótica em SC

As invasões biológicas são consideradas, atualmente, a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo. A situação ocorre quando uma espécie exótica é introduzida em um ambiente, se adapta, se estabelece e passa a se disseminar, o que causa alterações nos ciclos ecológicos e consequentemente, gera perda de biodiversidade nativa do ambiente invadido, segundo a bióloga Renata Plucenio.

A bióloga, por meio do trabalho de conclusão de curso, buscou identificar o grau de invasão da espécie Terminalia catappa, conhecida também como Amendoeira ou Chapeu de Sol, em áreas de restinga de Florianópolis e analisar a suscetibilidade destes ambientes ao processo de invasão. A análise foi feita em duas áreas de restinga no Norte da Ilha. “A pesquisa foi na praia da Daniela, sendo que uma porção está inserida na Estação Ecológica de Carijós, e na praia de Jurerê.

A escolha do local foi porque a bióloga havia observado que havia muitas sementes na areia da praia, no lixo de maré. “Percebemos que as sementes estavam chegando pelo mar na praia, e tinha indivíduos se estabelecendo na vegetação de restinga”, explica.

A espécie, segundo a bióloga, é nativa das áreas litorâneas da Malásia, porém, tem registro de invasão na América Central, na América do Sul e em ilhas do Caribe. Já nas ilhas do Pacífico, a espécie é invasora no Havaí, nas ilhas Marianas, nas ilhas Cook e no arquipélago de Galápagos. No Brasil, há registros de invasão no Brasil nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. “Esta espécie já era bastante comum nas praias do Brasil logo após o primeiro século da chegada dos europeus”, explica a bióloga.

Durante a pesquisa foram registrados 81 indivíduos da espécie na vegetação de restinga da praia da Daniela e 24 indivíduos na praia de Jurerê. “Os dados que encontramos confirmam que há um processo de invasão e que a espécie está na fase de estabelecimento, já que há sementes germinando e plantas se desenvolvendo nas áreas, com algumas delas chegando à fase reprodutiva”, conta.

Mesmo que ainda não sejam muitos, na Praia da Daniela houve um aumento expressivo nos últimos anos, diz a bióloga. “Em 2009, em outra pesquisa feita na mesma região, havia apenas cinco indivíduos com altura em torno de cinco metros. Houve um grande incremento de plântulas e juvenis na área, assim como de adultos. Este fato pode ser explicado pela grande chegada de sementes observada na área, pela viabilidade de sementes trazidas pelo mar, pela germinação rápida, em torno de dois meses e pelo crescimento rápido, entre um metro e meio e dois, em média, por ano”, explica a jovem.

Segundo a bióloga, o mar é um importante vetor de sementes da espécie nas áreas estudadas, visto que os indivíduos e as sementes estavam bem mais próximas do mar do que de áreas com influência humana. “Há um maior aporte de sementes próximo à foz do rio Ratones”, explica.

A pesquisa, de acordo com a bióloga, pode servir de subsídio para o controle da espécie nas restingas estudadas, a curto prazo, orientando as prioridades de ação para controle de indivíduos reprodutivos. “Já a longo prazo, é recomendado que o manejo da espécie também contemple medidas de controle na bacia do rio Ratones, especialmente na faixa ciliar do rio e em áreas costeiras, onde a espécie é utilizada para ornamentação e sombra”, conta. Além disso, Renata explica que um trabalho de conscientização deveria ser feito “no sentido de conscientização da população local sobre a necessidade de substituição de árvores de espécies potencialmente invasoras por espécies alternativas”, diz. (Fonte: G1)