Uma corte da Polônia sentenciou uma mulher a quatro meses de prisão com direito a sursis (dispensa do cumprimento de uma pena, no todo ou em parte) após ser considerada culpada de matar dois milhões de abelhas pelo uso excessivo de um pesticida contra mosquitos.
A mulher, identificada pelo tribunal simplesmente como Joanna S., devido a leis de privacidade, era encarregada de uma operação mata-mosquitos.
De acordo com a agência de notícias France Presse, a Justiça polonesa apontou que ela usou um pesticida sem a autorização necessária do Ministério da Saúde.
“A operação (mata-mosquito) também poderia ter custado vidas humanas”, disse Lucjan Furmanek, diretor da associação de apicultores de Gorlice, sudeste da Polônia. “Eu espero que a decisão da corte evite outros imprudentes desastres ambientais”, acrescentou.
A decisão do tribunal de Gorlice abre a porta para que apicultores possam entrar com uma ação civil por danos vinculados à morte maciça de abelhas, que se seguiu à operação de pulverização do inseticida, em 2010. Inundações registradas naquele ano na cidade vizinha de Biecz estimularam um nascimento incomumente alto de mosquitos nas águas paradas.
Abelhas ameaçadas – Investigações científicas publicados em periódicos como a “Nature” sugerem que os defensivos agrícolas, como os neonicotinoides provocam uma intoxicação nas abelhas, um fenômeno chamado de “distúrbio do colapso das colônias”, quando os insetos não retornam às colmeias e morrem fora dela, após o corpo sofrer um “curto-circuito” devido à excessiva exposição aos componentes químicos.
No fim de abril, a UE votou por implantar uma moratória de dois anos, valendo a partir de julho, para este grupo químico de inseticidas. A decisão foi tomada mesmo com manifestações contrárias do setor agrícola, que alega não haver dados suficientes sobre o impacto destes produtos nas populações de abelhas.
Já os Estados Unidos, que também analisam o emprego desses compostos, divulgaram no começo de maio que quase um terço das abelhas de colônias morreu no último inverno (2012-2013) e, nos últimos seis anos, as taxas de mortalidade atingiram 30,5%. A exposição a inseticidas é uma das hipóteses avaliadas pelo Departamento de Agricultura do país.
Situação no Brasil – De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), apesar de preocupante, a situação do Brasil não é alarmante. Segundo o órgão federal, a possível relação do uso dos neonicotinoides (que tem origem na molécula de nicotina) com as mortes de abelhas começou ser discutida internacionalmente partir de 2008.
Há três anos o instituto investiga o impacto de inseticidas na apicultura nacional. Entre 2010 e 2012, identificou mais de cem casos de mortes em massa de abelhas pelo país e todas elas estariam relacionadas à pulverização de agrotóxicos.
Ainda de acordo com o Ibama, apesar de o Brasil utilizar os mesmos tipos de agrotóxicos empregados na Europa e nos EUA, a decisão de seguir o caminho da União Europeia, vetando de vez os produtos, causaria um impacto muito maior na agricultura brasileira.
Ao G1, Marcio Freitas, coordenador geral de avaliação de substâncias químicas do Ibama, disse que a Europa tem uma quantidade muito menor de insetos e, por isso, a percepção da redução ficou amplificada. (Fonte: G1)