Morte da única tigresa do zoológico de Teresina deixa tratador de ‘luto’

Um tigre-de-bengala, espécie que está em extinção, foi vítima de um infarto fulminante no Parque Zoobotânico de Teresina. A perda da animal de 23 anos, que provocou enorme comoção entre os funcionários do local, abalou principalmente o tratador Raimundo Mariano, que acompanhava “Princesa”, como era carinhosamente chamada, desde que ela chegou ao Parque, ainda filhote.

Aos 66 anos e há mais de 40 trabalhando no Zoobotânico, Raimundo revela que viu quando a tigresa chegou ainda filhote. “Ela tinha pouco mais de um ano, já era muito linda e cresceu aqui. Tinha um carinho especial por ela, porque era um animal muito dócil e esperto. Obedecia aos meus comandos e nunca se mostrou agressiva, a não ser quando eu estava acompanhado de alguma mulher. Aí ela não gostava. Acho até que tinha ciúmes de mim”, conta resignado, Mariano.

Para o tratador, é difícil ver vazia a jaula onde ficava o animal. “Todos os dias que vinha, ela sempre estava a minha espera. Chegar aqui e não a ver é muito doloroso. Foi como se eu tivesse perdido uma pessoa da minha família”, lamenta.

Por ser um felino de grande porte, o recinto da tigresa era um dos mais visitados pelo público. “Era um animal muito belo e apreciado pelo visitantes. Tínhamos um cuidado especial com ela. Estamos todos de luto com essa grande perda, apesar de sabermos que ela já estava com idade avançada. Na natureza, esses animais vivem em torno de 16 a 20 anos, mas em cativeiro podem chegar até mais de 24”, explica o biológico e diretor do Parque Benedito Carvalho.

Raimundo Mariano lamenta que sua rotina não será mais a mesma depois de tantos anos, já que cuidava de todo manejo do felino. “Colocava ela na jaula menor para poder fazer a limpeza do local e depois servir a alimentação. Infelizmente, não podia ficar tão perto dela porque era proibido entrar na jaula quando o animal estava lá. É norma do Zoobotânico, mas sempre tive vontade. Sei que ela jamais faria algo comigo”, revela.

Causa da morte – Segundo o coordenador do parque, José Renato Uchôa, o animal foi encontrado caído em sua jaula por volta das 11h dessa terça-feira (11). “Ao verificar que ela estava passando mal, arquejando, uma equipe do zoológico com veterinários, técnicos e biólogos foi até o recinto e por cerca de 20 minutos tentou fazer a reanimação. Por um momento, ela chegou a responder aos estímulos, mas novamente ficou sem os sinais vitais e acabou morrendo”, explica Renato.

Para saber a causa morte da tigresa foi realizada na quarta-feira (12) uma necrópsia no laboratório do Parque. “Após a perícia, foi constatado que os ventrículos do coração do animal estavam entupidos e os pulmões escuros, o que caracteriza o infarto fulminante”, afirma o diretor Benedito Carvalho.

A bióloga Talita Ximenes afirma que o animal estava bem e que nunca tinha apresentando nenhum problema de saúde mais grave. “Em todos os animais dos zoológicos são feitos exames periódicos, um checape de rotina que acontece de seis em seis meses. Além disso, o comportamento deles é vistoriado, estudado e observado por profissionais e alunos no Parque”, informa Talita.

A direção do parque informou que os animais também recebem uma alimentação balanceada. A tigresa, por exemplo, recebia alimentação em dias alternados. Em média, eram 16kg de carne vermelha. Por ser idosa, ela também tinha dieta especial com carnes brancas como frangos e filés de peixes. Uma vez por semana, o animal comia fígado e coração.

Normalmente, a alimentação dos felinos é feita ao entardecer por serem animais de hábito noturno. “A tigresa, por ser idosa, era alimentada também no início da manhã. Assim, os biólogos e veterinários podiam observar o comportamento dela”, disse Benedito Carvalho.

Após sua morte, o animal, recolhido, passou pela necrópsia e agora está no ambulatório do Parque, que faz o trabalho de empalhamento dos bichos. “Será feito um processo de taxidermia, mais conhecido como empalhamento, e logo depois ficará exposto no museu que há dentro do próprio parque”, explicou o diretor.

Nova animal – A direção da instituição já planeja ocupar a jaula deixada por Pincesa com outros animais. O local deve ganhar novos donos ainda neste sábado (15). “Serão colocadas três suçuaranas no recinto, que terão um ambiente maior do que o atual”, disse Benedito Carvalho.

Com a morte da tigresa, o zoobotânico de Teresina , que perdeu uma de suas maiores atrações, não deve ficar muito tempo sem um tigre. Um novo animal, que seria o companheiro da “Princesa”, já está sendo adquirido. “Estamos adquirindo um novo animal através do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, o Ibama. Seria para fazermos um casal, mas infelizmente isso não pode aontecer. Agora, já está prevista na reforma do Parque a construção de um novo recinto, mais amplo, para abrigar o tigre”, informou o diretor Benedito Carvalho. (Fonte: G1)