O coronavírus Mers, responsável por problemas respiratórios agudos e causador de dezenas de mortes no Oriente Médio, pode ser transmitido por dromedários. A conclusão é de um estudo publicado nesta terça-feira (25) na versão online da revista científica “mBio”.
Segundo o último informe da Organização Mundial da Saúde (OMS), o coronavírus Mers – sigla em inglês para Síndrome Respiratória do Oriente Médio – infectou de setembro de 2012 a 7 de fevereiro de 2014 182 pessoas em todo o mundo, das quais 79 morreram. Neste domingo, o Ministério da Saúde da Arábia Saudita anunciou a morte de uma mulher de 81 anos, elevando o número de mortes pela doença no país a 61.
Até agora, sabia-se muito pouco sobre a origem deste vírus, que provoca problemas respiratórios agudos, febre, tosse, falta de ar e costuma ser acompanhado de pneumonia, problemas gastrointestinais e insuficiência renal.
Segundo a pesquisa do professor Ian Lipkin, da Universidade de Columbia, em Nova York, esse vírus “é extraordinariamente comum” em dromedários há pelo menos 20 anos.
“Em algumas partes da Arábia Saudita, este vírus está presente nas vias respiratórias de dois terços destes animais”, disse à AFP Lipkin. Segundo ele, “é provável que os dromedários sejam a principal fonte de infecção humana”.
Lipkin trabalhou com o professor Abdelaziz Alagaili, da Universidade King Saud, em Riad, para o estudo que avaliou amostras de uma população de mais de 200 dromedários entre novembro e dezembro de 2013. Os cientistas coletaram amostras de sangue e da área retal desses animais, assim como das fossas nasais.
Foram identificados anticorpos específicos de Mers em 74% desses animais, assim como o próprio vírus, particularmente na secreção nasal dos dromedários. Os animais portadores do vírus pareciam saudáveis.
Ao analisar outras amostras de sangue de dromedários coletadas entre 1992 e 2010, a equipe descobriu que o vírus está presente nesses animais há cerca de 20 anos.
“O vírus detectado nos animais é similar ao que encontramos nos seres humanos”, disse Lipkin. Se esse vínculo for confirmado, seria um caso extremadamente raro de contaminação direta de humanos pelos animais. A febre do Vale do Rift (RVF, na sigla em inglês), semelhante à gripe, é outro exemplo deste tipo de contaminação.
A maioria das infecções por Mers se concentrou no Oriente Médio, particularmente na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e no Catar. Casos mais isolados foram registrados em Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Jordânia e Tunísia, principalmente em pessoas que tinham viajado ao Oriente Médio.
Os pesquisadores acreditam que um contato próximo com os dromedários explica a transmissão, provavelmente por vias aéreas. “As pessoas os têm como animais de estimação”, disse Lipkin. “E também comem dromedário, assim há muitas oportunidades para que o vírus se transmita”.
Uma vacina para os animais está em estudo, assim como um tratamento para pessoas doentes. (Fonte: G1)