Filhote de peixe-boi ferido é resgatado no AM, após ficar em tanque de casa

Um filhote de peixe-boi ferido foi resgatado no município de Caapiranga, a 134 km de Manaus, nesta quarta-feira (26). Ele chegou à sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), na capital, por volta de 18h30 do mesmo dia. Segundo o órgão, o recém-nascido foi achado por duas crianças e ficou mantido em um tanque improvisado por comunitários durante uma semana, o que elevou o nível de estresse do animal.

O filhote viajou cerca de dez horas de Caapiranga até Manaus. Ele foi resgatado por fiscais do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), acionados pela Secretaria de Meio Ambiente do município. De acordo com o Inpa, o filhote estava na Comunidade Domiguinhos e recebia cuidados da família das crianças que o encontraram nadando sozinho em um lago.

Na manhã desta quinta (27), o filhote passou por um exame de biometria no Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), do Inpa. Veterinários do instituto informaram que o animal tem 11 quilos e mede 89 centímetros. Como ele está trocando de pele, os especialistas acreditam quem o recém-nascido tem aproximadamente 20 dias.

Ainda na tarde de quarta, o animal foi medicado com antibióticos e agora é alimentado por leite, uma fórmula láctea desenvolvida pelo LMA. Quando chegou ao instituto, ele ficou em um tanque mantido com água morna, temperatura considerada pelos veterinários como ideal. Ele deve permanecer isolado dos outros 49 animais que recebem acompanhamento no Inpa nos próximos dias para adaptação.

De acordo com Anselmo D’Affonseca, veterinário do Inpa, ainda é cedo para dizer se o animal está saudável. A avaliação completa do estado de saúde dele deve ser concluída em uma semana. “Ele chegou com lesões nas nadadeiras dorsais esquerda e direita. Por conta do estresse, está com dificuldades de se alimentar. Por isso, a cada sete dias, ele vai passar por biometria, porque nosso objetivo é verificar se ele vai ganhar peso”, disse o médico.

O filhote deve passar por um hemograma ainda nesta quinta. O exame faz a avaliação dos glóbulos vermelhos – para verificar se o animal apresenta sinais de anemina – e dos glóbulos brancos, que aponta os níveis de defesa do organismo. “Também vamos fazer um exame de fezes para tentar verificar se há algum parasita que pode atrapalhar o tratamento ou mesmo provocar diarreias”, afirmou D’Affonseca.

A assessoria da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa) afirmou que o LMA recebe muitos filhotes da espécie na região onde a cidade de Caapiranga está localizada. Os veterinários acreditam que o animal resgatado nesta quarta nadava sozinho porque ficou órfão. Segundo a Ampa, normalmente, a mãe dos filhotes são mortas com arpão para servir de alimentação, e os recém-nascidos são descartados pelos pescadores.

O Inpa orienta que as pessoas comuniquem os órgãos de meio ambiente, caso encontrem animais da espécie em situação de risco. “Apesar da boa vontade, o filhote de peixe-boi foi mantido de forma errônea e poderia ter morrido. Além disso, nessas condições, esses animais ficam estressados e perdem o instinto selvagem, prolongando ainda mais o tempo de retorno à natureza”, disse.

Conforme a Ampa, o filhote pode levar até cinco anos para ser devolvido ao habitat natural. (Fonte: G1)