Apenas 8,2% do DNA humano tem um papel importante, revelou um estudo publicado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. O restante, dizem os pesquisadores sobre os outros 91,8%, pode ser considerado “DNA lixo”, que se não serve para muita coisa, também não atrapalha.
O estudo, publicado no “Journal PLOS Genetic”, utilizou uma abordagem computacional para comparar as sequências completas de DNA de vários mamíferos, desde camundongos, porquinhos da índia e coelhos até cães, cavalos e humanos.
Para chegar aos tais 8,2%, o grupo da Universidade de Oxford valeu-se da habilidade evolucional de discernir quais atividades dos genes tinham papel importante e quais eram irrelevantes, em mais de 100 milhões de anos de evolução mamífera.
“Ao longo da evolução dessas espécies a partir de seus ancestrais comuns, surgiram mutações naturais no DNA que tiveram sua contrapartida em mudanças no processo de seleção natural para manter as sequências úteis de DNA intactas”, afirma o dr. Gerton Lunter, do Centro para Genética Humana do Fundo Wellcome na Universidade de Oxford, que também chefiou o estudo.
“Descobrimos que 8,2% do nosso genoma humano é funcional”, diz Lunter. “O restante do nosso genoma é sobra de material evolutivo, partes de genoma que passaram por perdas ou ganhos no código do DNA –geralmente chamada DNA ‘lixo'”.
“A nossa concepção geral é que todo DNA deve ter uma função importante. Na realidade, isso se aplica apenas a uma pequena parte”, diz o pesquisador Chris Rands, autor principal do estudo.
Um pouquinho mais de 1% do DNA humano é responsável pelas proteínas que carregam quase todos os processos biológicos críticos no corpo. Os outros 7%, acreditam os pesquisadores, estão envolvidos em ativar e desativar os genes que codificam as proteínas. São os elementos de regulação e controle.
Esse número é muito diferente do estudo publicado por cientistas envolvidos no projeto ENCODE (Enciclopédia dos Elementos do DNA), em 2012. Segundo o projeto, 80% do nosso genoma tem função bioquímica.
Determinar a quantidade de DNA “útil” é importante para os cientistas porque permitirá que eles determinem qual DNA é responsável por certa doença – acelerando o processo de novos tratamento e da cura.
De acordo com Chris Ponting, que participou da pesquisa da Universidade de Oxford, o fato de que os seres humanos possuem 2,2% de DNA em comum com camundongos não prova que as duas espécies sejam tão diferentes assim.
“Nós não somos tão especiais assim”, diz o cientista. “Nossa biologia fundamental é muito semelhante. Todo mamífero tem aproximadamente a mesma quantidade de DNA funcional, e quase a mesma distribuição de DNA funcional que é muito importante e menos importante. Falando do ponto de vista biológico, humanos são criaturas muito ordinárias no grande esquema da natureza.” (Fonte: UOL)