Depois de oito anos de estudos, os ornitólogos Carla Fontana e Mário Repenning conseguiram provar a existência da patativa-tropeira (Sporophila beltoni), uma nova espécie de ave, que até então se pensava ser a já conhecida patativa-verdadeira (Sporophila plumbea).
Os pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul perceberam que a patativa-tropeira possui plumagem e canto diferente, além de usar seu habitat de forma própria.
A descoberta foi divulgada pela publicação americana The Auk – American Ornithologists’ Union.
A ave recebeu este nome porque se reproduz e migra nas regiões que antes eram rota dos tropeiros, no Sul do país, nos séculos passados.
Infelizmente, a patativa tropeira já nasce ameaçada de extinção.
Estima-se que existam apenas 4.500 casais na natureza, número considerado baixo para aves, segundo os pesquisadores.
A espécie pode ser encontrada desde o nordeste do Rio Grande do Sul até Minas Gerais, nos biomas Mata Atlântica e Cerrado.
Apesar de ser uma longa extensão territorial, a patativa tropeira se reproduz em campos naturais de regiões altas e montanhosas, mas sempre em áreas junto da Floresta com Araucárias.
Todavia, restam somente 3% da cobertura original deste ecossistema.
Outro problema enfrentado pelo pássaro – e milhares de outras aves silvestres no país – é o tráfico de animais para abastecer o mercado clandestino.
“Por conta da somatória dessas situações, essa nova espécie já é considerada globalmente em perigo de extinção”, afirma Mário Repenning.
Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, instituição apoiadora do projeto, pesquisa é parte essencial para conservar e proteger a fauna brasileira.
“Só é possível conservar aquilo que conhecemos. Por isso, a pesquisa científica é um importante subsídio para o avanço na proteção dos nossos ambientes naturais”. (Fonte: Planeta Sustentável)