Um grupo de povos antigos há muito extinto, conhecido como paleo-esquimós, viveu em isolamento no Ártico norte-americano por mais de 4.000 anos, revela um estudo publicado nesta quinta-feira (28).
Cruzando o Estreito de Bering, eles caminharam da Sibéria até seu novo lar, e não fizeram nenhum contato com outras culturas, que realizaram a mesma jornada em diferentes momentos da História, incluindo os nativos americanos e o povo inuit.
Estes paleo-esquimós desapareceram cerca de 700 anos atrás, por volta do tempo em que os ancestrais dos inuits modernos se mudaram para o leste, procedentes do Alasca, afirmam os cientistas no artigo publicado na revista americana Science.
“De certa forma, eles eram presa fácil e, ainda que tivessem sido empurrados para os limites do Ártico, onde não poderiam sobreviver economicamente, ou para outro lugar, eles podem simplesmente ter sido aniquilados de uma forma estranha”, explicou William Fitzhugh, diretor do centro de estudos do Ártico do Museu Nacional Smithsonian’s de História Natural.
Para o estudo, os cientistas obtiveram o DNA de um osso humano antigo, dentes e amostras de cabelos das regiões árticas da Sibéria, Alasca, Canadá e Groenlândia.
Eles também decodificaram os genomas de dois inuits atuais da Groenlândia, de dois Nivkhs siberianos, de um esquimó das Ilhas Aleutas e de dois nativos-americanos atabascanos.
Um estudo de seus genes demonstrou que os paleo-esquimós não tinham relação com os nativos americanos ou com os inuit.
Conhecidos como Saqqaq e povo Dorset, estes paleo-esquimós viveram em pequenos povoados, com um punhado de casas e grupos de apenas 20 a 30 pessoas.
É difícil saber com certeza qual era o tamanho de sua população, mas os cientistas afirmam que provavelmente era de poucos milhares.
Em vista da uniformidade encontrada pelos cientistas no DNA mitocondrial, que é passado pela mãe, aparentemente havia poucas mulheres entre eles e as relações consanguíneas parecem ter sido comuns.
“A história ocupacional do Ártico é única em comparação com outras regiões do planeta”, declarou Maanasa Raghavan, biólogo molecular e cientista do Museu de História Natural da Dinamarca.
“As mudanças culturais foram provocadas pelo movimento de ideias e não por povos novos vindos à região”, acrescentou.
Especialistas afirmam que o povo Dorset era conhecido por sua arte e sua habilidade na elaboração de pequenas lâminas e lanças de pedra. No entanto, não se acredita que eles usassem arcos e flechas.
Eles caçavam e pescavam e celebravam encontros rituais em malocas tradicionais.
No entanto, Fitzhugh disse que arqueólogos “tiveram muitos problemas em compreender sua mentalidade”.
A história tampouco tem comparação conhecida para grupos que ficaram por sua própria conta por tanto tempo quanto eles.
“Penso que é uma incidência notável de estabilidade cultural e continuidade. E não acho que se possa encontrar um exemplo moderno nos últimos 4.000 ou 5.000 anos como este”, afirmou. (Fonte: UOL)