Com trilhas de até três quilômetros no interior da Floresta Amazônica, o Jardim Botânico de Manaus surgiu com a proposta de ser um pedaço da floresta dentro da cidade. Há três meses, o espaço ganhou uma torre de 42 metros de altura que, além de proporcionar uma vista privilegiada para turistas e amazonenses, será um espaço para pesquisa sobre o clima, a fauna e a flora locais.
Acima das copas das árvores, os visitantes podem respirar o ar da mata enquanto observam, ao longe, a cidade. Para chegar ao topo, o caminho é longo: são 242 degraus e duas plataformas.
Além da vista, a torre é usada por estudantes e pesquisadores para a observação de espécies como aves e macacos e o estudo da flora na floresta. “Tem pessoas que vão às 6h para ver o espetáculo que é o nascer do sol, enquanto observam animais. É como um templo onde se pode meditar e ver, em silêncio, a maravilha da natureza”, resumiu Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia, que fica dentro do Jardim Botânico, localizado na Zona Leste de Manaus.
Ao G1, o professor afirmou que a torre também será utilizada para monitoramento do clima. “Já temos equipamentos que fazem isso na Reserva Adolpho Ducke (que inclui o Jardim Botânico e o Musa), mas queremos ampliar esse estudo. Estamos com um projeto com Universidade do Estado do Amazonas (UEA) para monitoramento do ar, gás carbônico, vento, umidade, temperatura e tudo o que abrange o clima”, disse Candotti.
Com o monitoramento, os pesquisadores pretendem obter informações sobre o “comportamento” do ar, a absorção do dióxido de carbono e a emissão dos gases pelas árvores. “Há hipóteses de que as chuvas são reguladas pelas árvores. Vamos estudar esse ‘diálogo’ entre o ar e a flora”, afirmou.
Sobre a torre – Inaugurada em junho deste ano, a torre teve recorde de visitas no período pós-Copa do Mundo, quando chegou a receber cerca de 950 turistas por dia, segundo o Musa. Agora, a maioria das visitas durante a semana é de grupos de estudantes. Nos fins de semana, famílias e turistas procuram o local. O passeio é gratuito.
“Na visitação para o público em geral, mostramos o quanto a cidade está próxima da mata, por causa do desmatamento”, afirma uma das guias do Musa, Larissa Rodrigues.
A guia conta que a torre está a cerca de 400 metros de distância da base da reserva. O passeio não é recomendado para quem tem medo de altura e é preciso seguir algumas orientações. Segundo Larissa, os visitantes devem calçar tênis ou sapato fechado e, antes de subir, precisam retirar a areia para não sujar a escada que dá acesso ao topo. Os guias recomendam ainda que a subida seja feita devagar, e que as pessoas não levem objetos nas mãos. Caso haja desconforto por causa da altura, o visitante deve avisar aos guias para que possa descer com segurança.
Museu – Nos 10 mil hectares de área em que estão inseridos, o Jardim Botânico e o Musa guardam mais atrações para os visitantes. Nas trilhas, que chegam a 3 km de extensão, é possível ser surpreendido por animais, como uma cobra ou um sapo, no meio do caminho. “É sorte ver o animal. Como estamos adentrando uma área de floresta, temos que respeitar o habitat deles. Se uma cobra aparece, temos que esperá-la atravessar a trilha antes de dar continuidade ao trajeto”, explica a guia.
O museu tem duas exposições. Uma mostra as técnicas de pesca usadas por índios de tribos do Alto Rio Negro. A outra explica a evolução de alguns anfíbios e exemplares de musgos – pequenas plantas que vivem no ambiente aquático.
A Reserva Florestal Adolpho Ducke fica na Av. Margarita (antiga Uirapuru), s/n, bairro Cidade de Deus, em Manaus. As visitas são realizadas de terça-feira a domingo, das 8h às 17h. (Fonte: G1)