O Estado de São Paulo tem cerca de 40 milhões de habitantes e 32% do Produto Interno Bruto do Brasil; a Califórnia tem aproximadamente 40 milhões de habitantes e 13% do PIB dos Estados Unidos.
“Esse é apenas um exemplo das semelhanças entre nossos estados e de sua importância em nossos países, mas serve para destacar que temos muito em comum para desenvolver colaborações em pesquisa”, disse Ron Gronsky, assessor acadêmico para Relações Internacionais do chanceler da University of California, Berkeley (UCB).
Gronsky abriu nesta segunda-feira (17), no prédio Sutardja Dai Hall-Citris, na UCB, a FAPESP Week California, simpósio que reúne esta semana cientistas dos Estados Unidos e do Estado de São Paulo para a apresentação de resultados de pesquisas e realização de debates sobre temas que possam resultar em projetos colaborativos.
Gronsky destacou que a UCB mantém uma intensa colaboração internacional acadêmica e em pesquisa. “Para se ter uma ideia da dimensão dessa colaboração, de abril a setembro deste ano membros dos corpos docente e discente da UCB realizaram 4.963 viagens para outros países”, disse.
O Brasil não está entre os dez principais parceiros da UCB, “mas isso é algo que podemos mudar e a FAPESP Week California é um bom ponto de partida para ampliar nossas parcerias em pesquisa”, disse.
Segundo Gronsky, as instituições brasileiras com maior número de projetos colaborativos de pesquisa com a UCB são, pela ordem, a PUC-Rio, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade de São Paulo.
A University of California foi fundada em 1869 na cidade de Oakland e, quatro anos depois, transferiu-se para a vizinha Berkeley. O campus da UCB foi o primeiro dos dez instalados em diferentes partes da Califórnia: Berkeley, Davis, Irvine, Los Angeles, Merced, Riverside, San Diego, San Francisco, Santa Barbara e Santa Cruz.
“Nos rankings de produtividade de universidades mundiais estamos entre as principais no mundo, sendo a única universidade pública entre as dez mais. Oferecemos mais de 7 mil cursos em 130 departamentos acadêmicos, 350 programas de graduação, 14 faculdades e escolas e 80 unidades de pesquisas interdisciplinares”, disse Gronsky.
“Temos 26 mil alunos de graduação, dos quais 25 mil estavam entre os 10% melhores em seus colégios antes de virem para cá. Desses, 17 mil recebem alguma forma de auxílio financeiro e 4,5 mil são de outros estados ou países. Nossa missão é ser um portal global de excelência”, disse.
“A UCB tem mais de 10 mil alunos na pós-graduação, dos quais 1,3 mil têm bolsas da National Science Foundation, um número maior do que o de qualquer outra universidade nos Estados Unidos”, disse Gronsky. No ano letivo 2012-2013, a UCB formou 7.774 bacharéis, 2.198 mestres e 1.304 doutores.
“Temos 2,2 mil professores e pesquisadores em nosso corpo acadêmico, dos quais sete receberam o prêmio Nobel. Em nossa história, 22 pesquisadores da UCB ganharam o Nobel e o curioso é que, além da honra de receber tal prêmio, outra consequência é que esses laureados ganham vaga exclusiva de estacionamento”, disse Gronsky, lembrando o espaço limitado para deixar veículos no campus – o transporte público é o mais usado por alunos da UCB.
São Paulo e a FAPESP – Em seguida, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, também destacou a importância de se ampliar a colaboração internacional em pesquisa.
“A FAPESP tem uma forte estratégia para o desenvolvimento de conexões internacionais para que pesquisadores do Estado de São Paulo possam colaborar com pesquisadores de outras regiões e países”, disse.
“Há muita pesquisa importante sendo feita como resultado dessa estratégia e dos acordos de cooperação que assinamos com instituições de outros países e queremos ampliar ainda mais os intercâmbios e esse processo de internacionalização”, disse.
Brito Cruz mencionou alguns dos mecanismos oferecidos pela FAPESP para possibilitar o intercâmbio de pesquisadores com outros países, como as bolsas de pós-doutorado, o Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante, o programa Jovem Pesquisador, o programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) e o programa São Paulo Excellence Chairs (SPEC).
A FAPESP mantém 23 acordos de cooperação com universidades – entre elas a University of California em Davis –, institutos, laboratórios e agências de financiamento à pesquisa nos Estados Unidos. Um dos resultados desses acordos é que estão em andamento 66 projetos de pesquisa conjunta com a participação de cientistas brasileiros e norte-americanos.
Brito Cruz traçou em sua apresentação um breve panorama do setor de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, com destaque para o Estado de São Paulo.
“O Estado de São Paulo, com 22% dos cientistas no Brasil, responde por 50% dos artigos produzidos e publicados por pesquisadores brasileiros internacionalmente. Um dos motivos para isso é que São Paulo investe anualmente 13% de seus gastos em educação superior e em pesquisa”, disse.
O diretor científico também ressaltou para a plateia no Banatao Auditorium a missão da FAPESP em apoiar pesquisas em todas as áreas do conhecimento e falou sobre como a FAPESP faz para selecionar quais entre os projetos de pesquisa submetidos à Fundação serão financiados.
“Todas as propostas submetidas à FAPESP passam por uma sistemática análise por pares. Muitas vezes, pedimos que as propostas sejam enviadas em inglês, pois assim podemos também ter avaliadores de outros países. Em 2013, recebemos 25 mil propostas, com 50% de taxa de aprovação, o que é uma taxa alta de sucesso, em comparação com agências de fomento em outros países – na NSF a taxa está em cerca de 14%”, disse.
“Também podemos dizer com orgulho que o tempo médio para a decisão, entre receber a proposta e enviar a carta ao pesquisador, foi de 69 dias em 2013. É um tempo muito curto, quando comparado com o de outras agências no mundo”, disse.
A FAPESP Week California continua no dia 18 de novembro em Berkeley e nos dias 20 e 21 será realizada em Davis. O simpósio tem apoio do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington. (Fonte: Agência FAPESP)