Praticamente todos os estados brasileiros apresentaram taxas de desmatamento acima de 100 km2 anuais nos últimos anos. Pará, Maranhão e Mato Grosso foram as regiões que tiveram maiores áreas convertidas, ou seja, extensões de matas nativas derrubadas para outro uso. As perdas nestes três estados variaram entre 3 e 7 mil km2.
Este foi apenas um dos resultados encontrados pela Avaliação Nacional de Risco do Brasil, mapeamento inédito das atividades florestais no país, realizado pelo FSC Brasil e divulgado na quinta-feira (5), em São Paulo.
O estudo leva em conta cinco aspectos: exploração ilegal de madeira, violação dos diretos humanos, exploração em áreas de alto valor de conservação, exploração de florestas sendo convertidas em plantações e transgênicos.
O documento, que cruza dados de fontes públicas e privadas, tem como objetivo identificar riscos da exploração ilegal de madeira e servir de instrumento para melhorar o planejamento de políticas públicas e iniciativas privadas para a conservação florestal.
Infelizmente, o levantamento indica que ainda há muito a ser feito no país. “A ilegalidade ainda é uma realidade no Brasil”, afirma Fabíola Zerbini, secretária-executiva do FSC Brasil. “E a conversão de matas nativas se mostra muito presente”. A região norte é onde esta situação é mais alarmante, sobretudo porque este é o lugar em que ainda há maior extensão de remanescentes de floresta nativa no país.
Nas demais regiões brasileiras, há maior concentração de florestas plantadas, o que facilita o monitoramento e a certificação das mesmas. Fabíola Zerbini explica que é justamente o manejo sustentável que permite a preservação ambiental. “Com a certificação, mantemos a floresta de pé. O manejo inteligente gera recursos e a sobrevivência da mata”.
Todavia, a executiva do FSC Brasil alerta que existe uma inviabilidade econômica para aqueles que adotam boas práticas no setor florestal. Eles acabam competindo com o preço da madeira ilegal, que não é sobrecarregada com custos com funcionários e técnicas de manejo apropriadas, por exemplo.
Também foram verificados registros de autos de infração que revelam desmatamento em zonas de proteção e Unidades de Conservação de norte a sul do Brasil. Os dados comprovam a falta de controle para evitar a extração ilegal de madeira.
Outro dado estarrecedor que a Avaliação Nacional de Risco do Brasil revela é a identificação de trabalho escravo e infantil, ligados à madeireiras em diversos estados.
De acordo com Fabíola Zerbini, o estudo evidencia a falta de dados seguros e atualizados e monitoramento constante sobre a exploração de madeira no Brasil. “Precisamos amadurecer as fontes e contar com informações mais confiáveis”, diz.
O FSC Brasil é um dos braços de uma organização não-governamental, internacional, sem fins lucrativos, que promove o responsável ao redor do mundo. (Fonte: Planeta Sustentável)