Pesquisadores liderados por Sérgio Mascarenhas, coordenador de Projetos do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo em São Carlos (SP), desenvolveram métodos de medição da pressão intracraniana que dispensam cirurgias e negociam a aplicação dos modelos em grandes hospitais do país.
Tudo começou em 2005. “Era possível diagnosticar pelos sintomas – como descontrole urinário e andar arrastado – ou pela tomografia. Chegaram à conclusão de que eu tinha a doença e a única terapia possível era colocar uma válvula na minha cabeça com um cateter para a liberação do líquido em excesso no cérebro no abdômen”, contou Mascarenhas, que transformou o diagnóstico de hidrocefalia de pressão normal em inspiração para inovações na medicina.
Ele e a equipe interdisciplinar composta por 40 pessoas desenvolveram novas formas de acompanhar a pressão intracraniana e já patentearam dois equipamentos – o terceiro está a caminho.
“Encontramos uma maneira minimamente invasiva de medir. O dispositivo é colado em cima do osso e emite sinais elétricos quando há deformações, apontando a mudança da pressão”, explicou Mascarenhas sobre o primeiro método, considerado minimamente invasivo.
No segundo, não invasivo, um sistema acoplado a uma espécie de bandana é mantido em contato com a cabeça do paciente e compara as variações da pressão interna por meio das deformações da superfície do crânio, apontando anormalidades.
Os modelos foram testados na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, na Universidade do Porto, em Portugal, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e no Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e apontaram avanços principalmente no monitoramento de pessoas com traumatismo craniano, epilepsia e hipertensão na gravidez. “Na pré-eclâmpsia, a pressão arterial sobe, elevando a pressão intracraniana”, explicou.
Utilização – Os equipamentos possuem autorizações para pesquisas, mas Mascarenhas afirmou que a expectativa é de que nos próximos meses a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emita a certificação para uso geral. “Estamos conversando com o Hospital das Clínicas de São Paulo e com o Hospital Albert Einstein”, adiantou.
Contratos com o Ministério da Saúde para uso em ambulâncias, por exemplo, também não estão descartados. “Há o interesse, tanto que o ministério, através da Organização Pan-Americana da Saúde, vem financiando as pesquisas há quatro anos”. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Finep também apoiam os estudos.
“Os métodos são 50 vezes mais baratos do que dispositivos desenvolvidos no exterior, além de terem possibilidade de manutenção aqui no país. Estamos em negociação com empresas que possam fazer a distribuição”, finalizou Mascarenhas. (Fonte: G1)