Um estudo da Universidade de São Paulo mostrou como os efeitos nocivos da poluição do ar afetam muito mais do que o sistema respiratório.
Que a fumaça do cigarro faz mal para a saúde ninguém ignora. “Eu saio de perto, vou para outro lugar”, conta uma mulher.
Mas, do ar, ninguém, pode fugir. E segundo a Organização Mundial da Saúde, a poluição do ar mata oito milhões de pessoas no mundo, todos os anos. Um estudo feito pelo laboratório de poluição atmosférica da USP pesquisou dados oficiais sobre as partículas finas que saem dos escapamentos dos carros e das chaminés das indústrias que usam carvão e diesel.
Esse tipo de poluição provoca inflamações em todo o sistema respiratório, do nariz até os pulmões. Mas o maior perigo é quando as partículas chegam à corrente sanguínea. Elas provocam inflamações dentro das veias e artérias, dificultam a passagem do sangue. E se já existir alguma obstrução, uma placa de gordura, o perigo é ainda maior. Pacientes cardíacos, ou que já têm pressão alta correm o risco de ter complicações sérias. Problemas cardiovasculares são responsáveis por 80% das mortes relacionadas à poluição do ar.
“Seguramente as pessoas vão ter danos à saúde que podem comprometer a sua função respiratória, sua função cardiovascular, em última análise a sua qualidade de vida”, explica o cardiologista do Hcor e Unifesp Abrão Cury.
Quando o caso é grave, tem sempre alguém para dizer: respira fundo. Só que respirar fundo em um ambiente cheio de gases e partículas finas não é uma boa ideia. Os cientistas dizem que o primeiro passo para resolver o problema é enxergar a poluição. E não é na fumaça dos caminhões que passam ou ficam parados nos congestionamentos. E sim, nas estatísticas que são feitas com as medições da qualidade do ar.
A Organização Mundial de Saúde considera aceitável um máximo de 50 microgramas de partículas por metro cúbico de ar por dia. No Brasil, o limite é de 150. O triplo. O estudo aponta que, no estado do Rio de Janeiro, 36 mil pessoas morreram entre 2006 e 2012 por doenças respiratórias ou cardiovasculares ligadas à poluição. No estado de São Paulo, foram 99 mil mortes entre 2006 e 2011.
“Um médico não pode te receitar um vidro com ar puro. Então o que é preciso? É preciso que a população entenda a gravidade do problema e ajude para que o governo possa dar essa resposta e cumprir o seu papel em defesa da saúde dos indivíduos pela contaminação do ar”, afirma Evangelina Vormittag, diretora Instituto Saúde e Sustentabilidade. (Fonte: G1)