Levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que o número de pacientes com HIV em tratamento com antirretrovirais no Brasil cresceu 30% em 2014. Em um ano, o número aumentou de 57 mil para 74 mil. Aproximadamente 404 mil pessoas com o vírus HIV fazem uso dos medicamentos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os dados foram divulgados na tarde desta quarta-feira (24) pela ministra interina da Saúde, Ana Paula Soter, e pelo diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, durante lançamento da campanha de prevenção de DST e Aids para festas populares do segundo semestre de 2015.
De acordo com a pasta, o crescimento está relacionado à implantação do Novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids, lançado em dezembro de 2013. Pelo novo método, todas as pessoas que apresentam resultado positivo para o HIV passam a fazer uso dos antirretrovirais, mesmo as que não têm comprometimento do sistema imunológico.
O ministério diz que o número de pacientes com linfócitos T CD4+ superior a 500 células por mm³ cresceu 46% nos primeiros três meses de 2015. Essas pessoas não tinham indicação de tratamento, pela recomendação anterior.
“Em comparação com nosso protocolo anterior, que era o protocolo de 2012, a gente só tratava quem estivesse com o CD4+ abaixo de 500, que significava pessoas com resposta imunológica comprometida”, disse Mesquita. “Isso significa que tanto os médicos estão prescrevendo quanto os pacientes estão aderindo ao tratamento.”
O levantamento apontou também que o avanço da Aids está estabilizado no Brasil, com taxa de detecção em torno de 20,6 casos para cada 100 mil habitantes. Por ano, são aproximadamente 39 mil casos novos da doença. Segundo a pasta, a mortalidade de pacientes com a doença foi reduzida em 15,6% desde 2003 – caiu de 6,4 óbitos por 100 mil habitantes para 5,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2014.
O vírus HIV é transmitido pelo sangue, sêmen e leite materno. A infecção não tem cura, mas pode ser controlada por anos com o uso de coquetéis de drogas antivirais. A estimativa é que a pandemia de Aids, que começou há mais de 30 anos, já tenha matado até 40 milhões de pessoas em todo o mundo.
O SUS oferece um teste rápido, gratuito e sigiloso para interessados em descobrir se estão ou não infectados pelo vírus. O resultado sai em menos de 20 minutos, e não é necessário agendar o procedimento.
Pessoas entre 15 e 24 anos foram as que mais contraíram o vírus – em 2004, a taxa de detecção era de 9,6 casos a cada 100 mil habitantes; em 2013 a taxa subiu para 12,7 – aumentou de 3,4 mil casos para 4,4 mil.
O número de óbitos foi menor em 2014 do que em relação ao ano anterior – teve queda de 1.5%. A proporção de pessoas que chegam aos serviços com diagnóstico tardio e com estado imunológico comprometido também passou de 20% em 2013 para 13% no ano passado.
Medidas – Entre as medidas adotadas pelo governo federal para evitar o avanço da Aids estão a ampliação da testagem de HIV em populações chaves – gays, transexuais, travestis, usuários de drogas e prostitutas –, a facilitação do acesso a medicamentos e a incorporação de novas formulações.
O objetivo é que em 2020 o Brasil alcance a meta estabelecida pela ONU, conhecida como 90-90-90: testar 90% da população brasileira, tratar 90% dos comprovadamente infectados e conseguir que 90% dos pacientes apresentem carga viral indetectável.
De acordo com a pasta, falta 11% para o alcance da meta da testagem; 30% para o alcance do tratamento e 35% para meta de carga viral indetectável. Das pessoas em tratamento, 88% não apresentam mais o vírus na corrente sanguínea, o que contribui para diminuir a sua circulação.
“A meta de 2030 da ONU é acabar com os níveis epidêmicos da Aids no mundo. A gente está falando em acabar com a epidemia, e não com a Aids. O que pode ser feito, e o que está sendo feito, é tentar dimiunir o número de casos novos de aids.”
Nos quatro primeiros meses de 2014 foram realizados 1,9 milhão de testes no país. No mesmo período de 2015 foram 2,1 milhões.
Campanha contra DSTS – A campanha de prevenção de DST e Aids dá continuidade às ações iniciadas em dezembro do ano passado e que prosseguiram durante o carnaval deste ano. O objetivo é informar e alertar a população para medidas de prevenção, como uso da camisinha e realização do teste de HIV. O principal foco são os jovens. (Fonte: G1)