Para brasileiros, cientistas são mais confiáveis do que médicos, diz estudo

Um estudo divulgado na manhã desta segunda-feira (13) na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Carlos (SP), revelou que, apesar de manter pouco contato com a ciência, o brasileiro tem uma visão positiva sobre a área e confia mais nos pesquisadores do que nos médicos. Em um índice de – 1 a 1, os pesquisadores ficaram com 0,89, contra 0,74 de jornalistas, 0,7 de médicos, 0,53 de religiosos e – 0,96 de políticos.

De acordo com o levantamento, 73% das pessoas acreditam que a ciência e a tecnologia trazem mais benefícios do que malefícios para a humanidade e, para 50% dos entrevistados, cientistas são “pessoas inteligentes que fazem coisas úteis à humanidade”.

A pesquisa, intitulada Percepção Pública da C&T no Brasil 2015, foi apresentada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo (PC do B), e foi realizada entre dezembro de 2014 e março de 2015 com 1.962 entrevistados com mais de 16 anos em todas as regiões do país. “A pesquisa tem por objetivo avaliar a percepção da ciência, da tecnologia e da inovação por parte da população”, explicou Rebelo.

Estudo – De acordo com o ministro, o estudo, 4º do gênero realizado no país, deve orientar o posicionamento do Ministério e as ações e políticas públicas, além de mostrar a necessidade de valorização cultural, social e orçamentária das pesquisas, as virtudes e deficiências do setor.

“Há uma grande expectativa por parte da população e há também graves deformações, principalmente aquelas que apontam para o baixo índice de informação”, afirmou Rebelo, referindo-se aos níveis de acesso apontados pelo estudo.

Segundo o levantamento, apenas 6% dos brasileiros leem livros sobre ciência e tecnologia com muita frequência, 21% assistem com frequência a programas que tratam do tema e só 18% leem sobre o assunto constantemente na internet.

Ainda de acordo com o estudo, apenas 12% das pessoas visitaram um museu de ciência e tecnologia nos últimos 12 meses – o índice é de 29% para bibliotecas – e somente seis de cada 100 brasileiros se lembram do nome de algum cientista.

“Não temos celebridades da ciência, celebridades no sentido positivo da palavra, não temos, nem pessoa física e nem pessoa jurídica”, pontuou o ministro, que defendeu a necessidade de popularização da área. “Temos coisas muito importantes no que nos apoiar, devemos nos apoiar nessas virtudes, na boa percepção da população e, apoiados sobre isso, lutar para melhorar onde há mais deficiências”.

Heróis – Para Helena Nader, presidente da SBPC, é “emocionante” ver os dados da pesquisa, mas ela não deixa de ser um “puxão de orelha” quanto à necessidade de ampliar o interesse pela área.

“Fico muito triste, nada contra o esporte, mas você fala com meninos e eles querem ser jogadores de futebol”, afirmou. “Se a gente conseguir romper essa barreira, as famílias, os jovens, vão falar ‘vou querer ser cientista’, ‘vou querer ser professor’”.

Presidente da Academia Brasileira de Ciência, Jacob Palis, também defendeu a importância de pesquisadores famosos. “Eu acho que nós precisamos mais de celebridades. Parece uma coisa fútil, cientista não gosta de celebridade, mas a difusão da ciência brasileira passa por aí”, pontuou. “Precisamos de heróis”, resumiu.

“Temos aqui uma mina de ouro de informações para descobrir nossa realidade”, completou Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do MCTI, responsável pelo estudo, reforçando a importância de ampliar o acesso à informação referente à C&T. “É um desafio para a comunidade científica, para o governo e para a mídia”. (Fonte: G1)