Os antepassados dos atuais nativos americanos saíram da Sibéria há cerca de 23 mil anos e em uma única onda migratória, diz um estudo genômico feito em grande escala e que foi publicado nesta terça-feira (21) pela revista “Science”.
A presença do homem no continente americano começou há aproximadamente 15 mil anos, segundo diferentes evidências arqueológicas.
No entanto, existe uma forte controvérsia sobre quando e como os antepassados dos atuais nativos americanos chegaram ao ‘Novo Mundo’ através da Sibéria, segundo a Universidade Complutense de Madri (UCM), um dos centros que participaram desta pesquisa liderada pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
O estudo revela que os antepassados dos nativos americanos saíram da Sibéria há 23 mil anos e propõe um cenário de como foi essa migração rumo ao continente americano.
Os cientistas acreditam que houve apenas uma onda migratória e que, após deixar o ‘Velho Mundo’, há 23 mil anos, os antepassados dos atuais nativos puderam permanecer isolados em Beringia, onde fica o atual Estreito de Bering, por aproximadamente 8 mil anos.
Os especialistas chegaram a esta conclusão porque as provas arqueológicas mais antigas da presença de humanos na América têm cerca de 15 mil anos.
O trabalho afirma que, talvez, os primeiros habitantes tivessem chegado antes, entre 23 mil e 15 mil anos, mas, até o dia de hoje, não há evidências arqueológicas que corroboram esta estimativa.
Já no continente americano, o acervo genético dos nativos se dividiu em dois grupos: os atabascanos, que incluem os nativos da América do Norte, e os ameríndios, que é composto pelos nativos da América do Sul e Central.
Esta diferenciação aconteceu há aproximadamente 13 mil anos, coincidindo com o descongelamento das geleiras e a abertura de rotas no interior da América do Norte.
Estes dois grupos configuram as diversas povoações nativas que existem hoje no continente, segundo uma nota da UCM, que participou da pesquisa através do Centro Misto de Evolução e Comportamento Humanos.
“Nosso estudo apresenta a imagem mais ampla até o momento da pré-história genética da América. Mostramos que todos os nativos americanos, incluindo os principais subgrupos de ameríndios e atabascanos, descendem da mesma onda migratória”, declarou Maanasa Raghavan, investigadora do Centre for GeoGenetics da Universidade de Copenhague.
Para chegar a essas conclusões, a equipe de pesquisadores sequenciou as informações genéticas de nativos americanos e siberianos e analisou amostras antigas de habitantes do continente, com entre 6 mil e 200 anos, para traçar uma estrutura genética temporal.
Além disso, este trabalho revela a evidência de um fluxo genético posterior (contato) entre alguns nativos americanos e grupos relacionados com as populações atuais de australo-melanésios (Austrália e Pacífico Sul) e do leste asiático.
“Isto evidencia que a população do ‘Novo Mundo’ não estava completamente isolada do ‘Velho Mundo’ após a migração inicial”, afirmou Eske Willerslev, diretor da pesquisa.
Nesse sentido, outro artigo publicado nesta terça-feira na revista “Nature” indica que alguns nativos americanos da Amazônia descendem, em uma proporção pequena, de ancestrais de populações mais próximas dos indígenas australianos, de Nova Guiné e das Ilhas Andaman.
Hoje em dia, segundo este estudo, as populações da América do Norte e Central parecem não ter esses traços genéticos. (Fonte: Terra)