Artesão eterniza ouriço da castanha em xícaras e porta-trecos, em RO

O medo de ver a castanheira do Brasil ser extinta da Amazônia motivou um artesão de Ariquemes (RO), no Vale do Jamari, a criar obras de arte que já viraram atrações no município. Apaixonado pela árvore, Raimundo Nonato Santos, de 61 anos, decidiu reaproveitar o ouriço da castanha para transforma-lo em xícaras, porta-trecos e pulseiras. Além de ganhar dinheiro com a atitude sustentável, a fabricação dos artesanatos tem por objetivo conscientizar a preservação da castanheira.

Trabalhando como artesão desde os 16 anos, Nonato começou a reaproveitar o ouriço da castanha recentemente, com a ideia de mostrar que o globo onde ficam armazenados os frutos da castanheira podia ser muito mais do que lixo. “O pessoal sempre só retirava as castanhas de dentro e jogava o ouriço fora. Eu então decidi trabalhar para que não acontecesse mais isso”, afirma.

Pelo ouriço ser redondo e grande, Nonato não teve dúvida em que transforma-los: xícaras, porta-trecos e pulseiras, que estão estão se tornando os artesanatos mais vendidos por ele. E não faltam pedidos. “Hoje em dia se a pessoa chegar para comprar não vai encontrar. Estou trabalhando só com pedidos antecipado”, declarara.

Busca pela matéria-prima – Mesmo com a região do Vale do Jamari não tendo mais tantas castanheiras, já que boa parte delas foram derrubadas e queimadas com o avanço da pecuária, Nonato não tem dificuldade em encontrar a matéria-prima. “Eu compro o ouriço às vezes, quando estou precisando e o trabalho meio urgente, mas muitas das vezes eu mesmo vou buscar na floresta”, explica.

Após recolher os materiais necessários na área rural, o artesão retorna para a oficina que tem no quintal de casa. “É aqui que elas são lixadas, moldadas e finalizadas”, afirma. Ao G1, Nonato diz que sempre procura deixar algo marcante das castanheiras nas obras de arte, como a semente da castanha, que acaba se tornando o pegador da tampa do porta-treco.

Para cada obra concluída e comercializada, Nonato diz ser sinônimo de dever cumprido. “É um ouriço a menos que vai para o fogo. O artesanato do ouriço é uma coisa que a gente valoriza, pois transforma o inútil em algo que dá dinheiro”, explica.

Em média, de acordo com o artesão, o porta-trecos é vendido aos clientes por R$ 25 e as xícaras do ouriço a R$ 15. “Se não queimar, não acaba nunca. Dura a vida toda”, afirma. Com a produção dos artesanatos, Nonato espera uma maior conscientização sobre a importância de preservar uma das maiores árvores da Amazônia. (Fonte: G1)