A “Nature”, uma das revistas científicas mais renomadas do mundo, publicou artigo em sua edição desta semana abordando os efeitos da crise econômica brasileira na produção científica do país.
O artigo, intitulado “Brazilian Science paralysed by economic slump” (a ciência brasileira paralisada pela crise econômica), traz entrevistas com pesquisadores e coordenadores de laboratórios e instituições em várias cidades do Brasil, que relatam dificuldades para lançar novos projetos, cortes de verbas nos projetos existentes e até problemas para pagar despesas básicas como contas de luz e limpeza.
O texto cita como pano de fundo a desaceleração do crescimento em 2013 e a estagnação em 2014. “No último ano, cortes federais e estaduais nas verbas científicas paralisaram as pesquisas”, afirma.
Segundo a revista, o orçamento para 2016 apresentado pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso em setembro piora a situação, pois propõe 24% menos verba para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em relação a 2015 e congela as bolsas do programa de intercâmbio internacional Ciência sem Fronteiras.
“As instituições batalham para manter o funcionamento de seus laboratórios, comprar equipamentos e pagar despesas de viagem para pesquisas de campo e congressos”, afirma o artigo, citando também que a depreciação do real subiu o preço dos importados, como reagentes e equipamentos.
Outras fontes de financiamento – A “Nature” escreve ainda, com base em relatos de pesquisadores, a menor participação em congressos, como o encontro da Sociedade Brasileira de Genética em Águas de Lindoia, que teve menos da metade dos frequentadores que o normal.
O artigo reproduz declarações do MCTI de que o ministro Aldo Rebelo tenta buscar novas fontes de financiamento. Como exemplo, cita um pedido de financiamento de US$ 2 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em um esforço para reavivar os gastos com ciência brasileira.
Mas mostra também a preocupação dos pesquisadores entrevistados de que “o pior ainda esteja por vir”. “Temos que fazer tudo o que pudermos para salvar a ciência brasileira”, disse um deles à revista. (Fonte: G1)