A região do Araripe, localizada no extremo oeste pernambucano, é a principal produtora de gesso do Brasil, concentrando aproximadamente 80% das minas brasileiras. O polo gesseiro da região conta com cerca de 700 empresas, distribuídas pelos municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Ouricuri e Bodocó. O polo pernambucano responde atualmente por 95% do fornecimento de produtos para o mercado nacional.
Com números tão expressivos, uma das principais preocupações do setor é a questão da matriz energética para a produção do gesso. Atualmente, a matriz no polo de Pernambuco é diversificada. São utilizados, aproximadamente, 3% de energia elétrica, 5% de óleo diesel, 8% de óleo BPF (baixo poder de fusão), 10% de coque (subproduto derivado do carvão mineral) e 73% de lenha (as indústrias de pequeno porte usam, exclusivamente, a lenha como fonte energética).
Eficácia energética – Por essa razão, o uso da lenha, sem planejamento ou critérios de sustentabilidade, vem ganhando cada vez mais espaço no debate sobre o trabalho realizado no polo gesseiro do Araripe.
Para contribuir nesse debate, o MMA vem atuando na região por meio do Fundo Clima e do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), em parceria com o Fundo Socioambiental da CAIXA, e o Ministério Público, no projeto Eficácia Energética e Produção mais Limpa da Cadeia Produtiva do Gesseiro. O projeto é desenvolvido pela Fundação Araripe, com apoio do Parque Tecnológico da Paraíba e da Associação Plantas do Nordeste.
A intenção é incutir, junto às empresas que atuam no polo gesseiro do Araripe, a utilização de madeira limpa, legalizada, evitando, deste modo, que haja continuidade de desmatamento e da comercialização da madeira extraída ilegalmente.
Alternativas – O diretor do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente (DCD/MMA), Francisco Campello, explica que uma das ações do projeto é a promoção de estudos para determinar alternativas à matriz energética. “Buscamos mais eficiência no uso da lenha e um planejamento ambiental para promoção do manejo florestal sustentável da vegetação nativa, além de um processo de inclusão produtiva por meio do manejo florestal comunitário e a formação técnica dos colaboradores da cadeia produtiva”, afirmou ele.
Além disso, o projeto está promovendo o Pacto do Polo Gesseiro de Araripe, uma ação que envolve os agentes produtivos e órgãos de governo que traduz os esforços e compromissos para a sustentabilidade inclusiva do setor. O lançamento oficial está previsto para abril deste ano.
Para o secretário geral da Fundação Araripe, Pierre Gervaiseau, os recursos naturais da região permitiram a expansão rápida da indústria local do gesso. “Agora convém cuidar da sustentabilidade dessa atividade, através de medidas que envolvem, tanto as empresas de mineração da gipsita (usada na fabricação do gesso) e de sua calcinação (decomposição), quanto as populações da região, que costumam proporcionar lenha para as empresas”, ressaltou.
Exportação – Nesta semana, no dia 25 de janeiro, foi lançado o Projeto Setorial do Gesso pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX). Com a meta de exportar US$ 350 mil em 2016 e chegar a US$ 500 mil em 2017, o projeto espera impulsionar um setor que emprega diretamente 13,8 mil pessoas e quase 70 mil indiretamente.
Durante o lançamento, foi destacada a inciativa do MMA com os parceiros para o Pacto de Sustentabilidade do Polo Gesseiro de Araripe. “Estamos dando base ambiental, sustentabilidade e capacitação ao setor para melhor eficiência e uso correto de energia, o que assegura novos mercados e fortalece o programa de exportação, com o desenvolvimento sustentável e inclusivo no Araripe ”, afirmou Campello durante o evento.
Saiba mais – Em 2014, o governo federal propôs a formação de um grupo de estudos para acompanhar a problemática do polo gesseiro. As análises e iniciativas realizadas por instituições especializadas mostraram que a organização atual das empresas do gesso leva a um consumo de energéticos (energia elétrica e lenha) que poderia ser menor. Foi recomendada a revisão dos modos de produção e dos dispositivos dos poderes públicos na área da proteção do patrimônio florestal.
Como resultado dessa intervenção foi elaborado, pela Fundação Araripe, com o apoio do MMA e do Fundo Socioambiental da CAIXA, um mapa que demonstra o potencial da vegetação nativa da região para ofertar biomassa em base sustentável para a matriz do polo gesseiro. (Fonte: MMA)