O vírus H1N1 já matou 46 pessoas no país em 2016, mais do que no ano passado inteiro, quando foram registradas 36 mortes pela infecção. A chegada antecipada do vírus e a severidade dos casos têm chamado a atenção dos médicos e provocado uma corrida às clínicas de vacinação. Veja perguntas e respostas sobre o H1N1 e outros vírus da gripe:
É comum haver tantos casos graves e mortes por gripe nesta época do ano? – Não. Houve uma antecipação da temporada de gripe no Brasil. “O esperado para seria ter o pico de casos no mês de julho. O que está acontecendo neste momento é uma antecipação de circulação do H1N1”, diz a pediatra Lucia Bricks, diretora médica de Influenza na América Latina da Sanofi Pasteur.
Especialistas discutem várias hipóteses que podem explicar a antecipação da chegada do vírus, que vão desde fatores climáticos até o aumento de viagens internacionais que podem ter trazido o H1N1 que circulava no hemisfério norte.
Também chama a atenção dos médicos a grande proporção de casos graves e mortes em adultos. Em geral, complicações costumam ser mais comuns em idosos, gestantes, crianças pequenas e outros grupos de risco.
Até 19 de março, o país já tinha registrado 305 casos e 46 mortes por H1N1, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Mais da metade dos casos graves e mortes registradas este ano foram na faixa etária de 40 a 60 anos.
Já é possível se vacinar este ano? – As clínicas particulares já têm disponível os primeiros lotes da vacina trivalente contra influenza de 2016, que protege contra H1N1, H3N2 (ambos vírus da Influenza A) e uma cepa da Influenza B. A vacina trivalente pode ser usada a partir dos 6 meses de idade.
Já a vacina tetravalente ou quadrivalente – que além de proteger contra o H1N1, o H3N2 e a Influenza B também protege contra uma segunda cepa da Influenza B – ainda está começando a ser distribuída. A vacina tetravalente pode ser usada a partir dos 3 anos de idade.
Como será a vacinação na rede pública? – A campanha nacional de vacinação contra gripe está marcada para começar no dia 30 de abril e vai até o dia 20 de maio. Alguns estados, como São Paulo, podem antecipar a vacinação pelo SUS devido ao aumento precoce de casos da infecção. O Ministério da Saúde anunciou que começaria a enviar as doses aos estados a partir de sexta-feira (1º).
Na rede pública, a vacinação contra influenza é destinada a alguns grupos prioritários: crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas portadoras de doenças crônicas e outras doenças que comprometam a imunidade.
A vacina muda todo ano? – Sim. Todo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz uma previsão de quais serão os vírus Influenza que devem circular no inverno do hemisfério norte e do hemisfério sul com base em amostras de pacientes coletadas em centros sentinela distribuídos em todo o mundo.
As vacinas são desenvolvidas com base nessa informação, que costuma ser divulgada pela OMS em setembro no caso do hemisfério sul. O processo de desenvolvimento da vacina é complexo e leva, em média, 6 meses.
A vacina de 2016 tem o mesmo vírus H1N1 que a de 2015. As cepas do H3N2 e do Influenza B, porém, são diferentes em relação ao ano passado.
Quem tomou a vacina no ano passado está protegido este ano?
Não. Mesmo para o vírus H1N1, que permanece o mesmo do ano passado, a quantidade de anticorpos diminui ao longo dos meses, reduzindo o grau de proteção. Em relação ao vírus H3N2 e ao Influenza B, não há proteção nenhuma, já que os vírus mudaram.
Quais são os vírus Influenza circulando este ano? – No estado de São Paulo, cerca de 60% da circulação deste ano corresponde ao vírus Influenza A/H1N1 e 40% aos vírus Influenza B, segundo informações divulgadas no Simpósio Internacional de Atualização em Influenza, evento organizado pela Faculdade de Medicina da USP em São Paulo. Os casos mais graves têm sido associados principalmente ao H1N1.
Além da vacina, quais são as medidas preventivas contra a gripe? – Lavar as mãos com frequência e manter os ambientes ventilados continuam sendo medidas de prevenção importantes contra qualquer tipo de gripe.
Quais são os sintomas do H1N1? – A gripe – tanto a H1N1 quanto a H3N2 ou a Influenza B – tem como sintomas febre alta e súbita, tosse, dor de garganta, dor no corpo, dor nas articulações e dor de cabeça. No caso do H1N1, um sintoma que chama a atenção é a falta de ar e o cansaço excessivo.
É importante distinguir a gripe do resfriado comum, que é muito mais leve, com sintomas menos graves como coriza, mal estar, dor de cabeça e febre baixa.
Como é o tratamento do H1N1? – O tratamento deve envolver boa hidratação, repouso e uso do antiviral específico, prescrito pelo médico. Um deles é o Oseltamivir (mais conhecido pela marca Tamiflu), distribuído pela rede pública para hospitais e unidades básicas de saúde.
Trata-se de um antiviral específico contra o vírus Influenza, indicado para pessoas com maior risco de desenvolver complicações. É importante que o paciente consiga tomar a medicação nas primeiras 48 horas do início dos sintomas, para que a eficácia seja maior. O tratamento também pode envolver o uso de analgésicos para aliviar os sintomas. (Fonte: G1)