O governo do Rio de Janeiro inaugurou na sexta-feira (15) um sistema de coleta de esgoto lançado clandestinamente na rede de águas pluviais na região da Marina da Glória, na zona sul da cidade. A chamada galeria de cintura recolhe a água suja que é lançada na tubulação pluvial, em tempo seco, e evita que esse esgoto chegue à Baía de Guanabara.
Segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), responsável pelo sistema, essa é uma das obras mais importantes da empresa visando aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, já que a Baía de Guanabara será palco das competições de vela.
Com a galeria de cintura, o esgoto clandestino que eventualmente era lançado nas galerias de águas pluviais será encaminhado pela elevatória Marina da Glória para o emissário submarino de Ipanema. Segundo o presidente da Cedae, Jorge Briard, já será possível perceber uma melhoria na qualidade da água da baía imediatamente.
Briard revelou que a obra ficou orçada em R$ 14 milhões. “Contando com a tubulação que tivemos que colocar, como também as obras de engenharia que servem para captar as águas fluviais, além dos painéis elétricos e outros materiais”, disse.
De acordo com o secretário-chefe da Casa Civil, Leonardo Espíndola, a obra adequou a Marina da Glória a um padrão de qualidade que assegurará a saúde e o bem-estar dos atletas que competirão ali.
“Dos seis pontos de realização das competições de iatismo durante a Rio 2016, a Marina da Glória era o único ponto que necessitava de uma obra de infraestrutura para deixá-la nos padrões internacionais de qualidade de água e de preservação da saúde dos atletas. Além disso, fica como um legado importantíssimo para a população, que passará a contar com um local ambientalmente preservado que contribui de maneira decisiva para a manutenção da qualidade de vida de quem utiliza a baía”.
O ambientalista Sérgio Ricardo não acredita que a olimpíada deixará qualquer legado ambiental. Segundo ele, outras obras ambientais ficaram pelo caminho, mostrando um descaso com o tema. “Não dá para considerar que exista um legado ambiental motivado pelos Jogos. Houve uma promessa do governo do estado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) de despoluir 80% da Baía de Guanabara, o que até os ecologistas e pescadores alertaram na época que era completamente irreal, uma espécie de propaganda enganosa. Sem mencionar o saneamento da própria Marina da Glória, que era um compromisso anterior aos Jogos e que está completamente atrasado, jogado de lado”, alertou.
Ricardo frisou que a implantação da galeria de cintura não garante efetivamente o saneamento de outras águas da região. “A praia de Botafogo, as águas do Aterro do Flamengo e do centro da cidade continuarão em condições inadequadas. Claro que é uma obra bem-vinda, mas que não significa uma solução definitiva para o problema”, disse. (Fonte: Agência Brasil)