Na quinta-feira, 28 de abril, foi celebrado o Dia Nacional da Caatinga. Instituído por meio de Decreto Federal de 2003, a data é um convite para a reflexão sobre a situação do bioma que ocupa 11% do território nacional, o que representa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados.
Segundo o diretor de Desenvolvimento Rural e Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Campello, a Caatinga precisa deixar de ser tratada como um bioma secundário e ter seu valor reconhecido. “Rica em flora e fauna, não pode ser vista apenas como sinônimo de pobreza e local de enfrentamento da seca”, destacou. A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrada em nenhum outro lugar.
Engloba os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Cerca de 30 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver.
Desertificação – O bioma que apresenta belezas sutis e histórias de resistência tem pouco o que comemorar, pois atualmente só possui metade de sua cobertura vegetal original.
O índice é considerado alto por especialistas e técnicos do MMA, já que a região figura como a mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, com forte tendência à desertificação.
Para conservar a Caatinga, conscientizar a população que vive nas áreas sucessíveis à desertificação e diminuir o desmatamento, o MMA vem desenvolvendo uma série de ações, buscando promover alternativas para o uso sustentável da biodiversidade do bioma. “Existe um potencial ambiental muito grande na Caatinga”, declarou Campello, referindo-se ao uso adequado do bioma.
Segundo ele, as ações do Ministério para a Caatinga buscam apresentar alternativas para uma boa gestão ambiental, que promova segurança hídrica e mais qualidade de vida para as populações e melhore os ambientes para a produção de alimentos.
Ações do MMA – Entre as ações do MMA para a Caatinga, está o manejo florestal comunitário em 15 mil hectares de assentamentos, no Araripe e baixo Jaguaribe no Ceará, entre produtores de gesso e cerâmica.
Outra iniciativa estratégica do MMA vem acontecendo junto às empresas em relação à questão energética. A ação articulada entre a oferta e o consumo da matriz energética, a lenha, rende um efeito melhor.
Outras duas ações importantes apoiadas pelo Ministério são o manejo florestal de uso múltiplo, que busca a segurança alimentar dos rebanhos da região, e os fogões ecoeficientes, que oferecem segurança energética a 8 mil famílias.
A agricultora Maria Silvanete Benedito de Souza, de Serra dos Paus Dóias, em Exu (PE), 40 anos, casada, quatro filhos, é umas das beneficiárias da iniciativa. “É mais interessante perceber a importância que a Caatinga tem em pé. Ela dá muito mais retorno assim”, afirmou.
Alternativas – O Ministério também é parceiro na iniciativa, que visa difundir vantagens de bovinos “Curraleiros Pé-Duro”, em extinção, para garantir preservação da espécie e do meio ambiente na Caatinga.
Mais recente iniciativa do MMA relacionada ao bioma, o projeto “Manejo do Uso Sustentável da Terra no Semiárido do Nordeste Brasileiro (Sergipe)” promete dar bons resultados.
O objetivo é fortalecer a estrutura de governança ambiental do manejo de terras, para combater os principais fatores da degradação de terras em Sergipe e no Nordeste do Brasil, criando articulações com os programas e políticas públicas relacionados ao combate à desertificação.
Por meio do projeto, que se encontra em implementação e é fruto de cooperação técnica firmada entre o MMA e o PNUD, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), serão replicadas boas práticas de manejo sustentável da terra em outros estados.
Capacitações – Apostando na conscientização, o MMA promove, ainda, capacitações em manejo e conservação do solo e da água. Além disso, vem realizando um trabalho estratégico de difusão de boas práticas de convivência sustentável com a semiaridez.
Para Campello, para evitar a desertificação, são necessárias a implantação de tecnologias sociais que possibilitem a conservação de solo nas atividades agropecuárias; o uso correto dos recursos florestais; maior eficiência nos sistemas produtivos que promovam a segurança hídrica, alimentar, energética e que conservem as paisagens. “No caso brasileiro, as secas são fenômenos recorrentes, específicos da região semiárida, fazendo-se necessário um conjunto de ações permanentes para seu enfrentamento”, concluiu. (Fonte: MMA)