A Nasa é conhecida por enviar naves a milhares de quilômetros da Terra, mas também voa baixo para combater a poluição. O “laboratório voador” da agência espacial americana faz atualmente uma varredura na Coreia do Sul em sua primeira missão fora dos Estados Unidos.
Quando Neil Armstrong colocou um pé na Lua em julho de 1969, um avião Douglas DC-8 saía da oficina para realizar seu primeiro voo. O jato foi adquirido em 1985 pela Nasa, que posteriormente o modificou até transformá-lo na mais sofisticada aeronave para avaliar a qualidade do ar, capaz de cobrir as falhas dos atuais aparelhos de medição.
“Para entender como a poluição é distribuída no país e como afeta as pessoas necessitamos deste avião. Para entender o que está abaixo é preciso compreender também o que ocorre mais em cima”, explicou Jim Crawford, cientista da missão KORUS-AQ.
Ao todo, 45 passageiros – nove tripulantes e 36 cientistas – equipados com 25 dispositivos de alta tecnologia – que dão ao interior do avião um aspecto de nave espacial de Hollywood – realizam voos de oito horas quase todos os dias para percorrer praticamente toda a metade sul da península coreana.
Não são voos normais. Planar sobre Seul a 300 metros de altura, mais baixo que alguns arranha-céus da cidade, ou o litoral de Jeju a apenas 150 metros das águas é uma experiência intensa e também uma arriscada tarefa a cargo de dois pilotos veteranos.
O espanhol José Luis Jiménez, professor de química na Universidade do Colorado, foi contratado pela Nasa como pesquisador principal do espectrômetro de massas para aerossóis, um dos instrumentos que coletam amostras de ar em pleno voo.
“Eu me incumbia de medir a composição das partículas que há no ar, de que são feitas, já que dependendo de sua composição podem provir de uma usina elétrica, de um carro ou de um incêndio florestal”, detalhou durante uma das viagens do “laboratório voador”.
Além do DC-8, que envia os resultados a um satélite espacial, a missão conta com outras duas aeronaves encarregadas de cobrir áreas menos acessíveis e processar dados.
“Essa é a primeira vez que voamos fora dos Estados Unidos, algo que a Nasa buscava há anos, mas que até agora não tinha conseguido”, comentou Matthew Berry, diretor-adjunto da missão.
Também não é casualidade que a primeira aventura do DC-8 seja na Coreia do Sul, país que ocupa o equivalente a 20% do território da Espanha, mas produz quase três vezes mais dióxido de carbono, 600 milhões de toneladas ao ano que a transformam no nono maior poluidor mundial.
Isso é somado às tóxicas nuvens do chamado “pó amarelo” que chegam da China e, principalmente na primavera, afetam o sistema respiratório dos mais de 20 milhões de residentes na área metropolitana de Seul.
Para ajudar a entender melhor a contaminação que afeta o país asiático e combatê-la, a missão KORUS-AQ continuará a coletar informação do ar até completar um total de 15 voos no final de maio. (Fonte: Terra)