Uma decisão da Justiça argentina autorizou a transferência da chimpanzé Cecília, que vive enclausurada há anos no zoológico de Mendoza, para o Santuário GAP (Great Ape Project) – Projeto dos Grandes Primatas- em Sorocaba, no interior de São Paulo. O G1 esteve no santuário em 2014 e conheceu o trabalho feito no local.
Após vários anos de processos judiciais, a Associação dos Advogados e Funcionários para os Direitos Animais (Afada) teve a decisão favorável à transferência da chimpanzé. A associação alega que ela vivia sozinha e deprimida após a morte de seus dois colegas no zoológico de Mendoza.
O Terceiro Tribunal de Garantias do Judiciário em Mendoza afirma que o local estava em péssimas condições após ter sido transformado em um eco parque. Além disso, a chimpanzé, de 20 anos, dorme em piso de concreto em um recinto pequeno.
Segundo a decisão da juíza María Alejandra Mauricio, divulgada na última sexta-feira (4), a chimpanzé “não tem nenhum direito humano e a sua transferência para o santuário de Sorocaba deve ser feita antes do outono, conforme acordado pelas partes”.
Ainda conforme o documento, as autoridades da província de Mendoza devem fornecer ao jurídico “instrumentos necessários para deter a grave situação de confinamento em condições inadequadas de animais no zoológico, como elefantes, tigres, ursos, entre outros”.
A decisão foi compartilhada pela página do projeto no Facebook, porém, não foram divulgados detalhes sobre a transferência de Cecília.
De acordo com informações do Secretário do Meio Ambiente de Mendoza ao jornal argentino El Clarín, ela será levada em um avião direto de Mendoza até São Paulo, em voo com duração de aproximadamente três horas e meia. Ela viajará em um recinto com água e comida. “Um veterinário viajará ao seu lado durante todo o trajeto juntamente com outros funcionários do governo”, explicou Humberto Mingorance.
Companhia – O projeto do santuário foi criado em 2000, pelo microbiologista e empresário Pedro Ynterian. Em 2006 o “braço” do GAP no Brasil passou a ser representado oficialmente pela ONG Projeto GAP – Grupo de Apoio aos Primatas. O idealizador do projeto no Brasil é hoje o presidente internacional da organização, que tem sedes em vários países.
O objetivo do projeto é dar um lar definitivo aos animais que viviam em condições inadequadas, muitas vezes sob maus-tratos, como no caso de Cecília. Além de oferecer a “aposentadoria”, o santuário também promove a ressocialização. Por isso, a chimpanzé terá a companhia de diversos animais que passaram pela mesma situação.
O santuário fica instalado na altura do quilômetro 90 da Rodovia Castello Branco, em uma área de quase 560 mil metros quadrados cercada de verde. Além dos chimpanzés, macacos-prego, macacos-aranha, gibões, bugios, macaco-caranguejeira e saguis, o local também abriga leões e três ursos. O local não é aberto à visitação do público, já que o direito dos animais à privacidade é uma das bandeiras defendidas pelo projeto GAP. (Fonte: G1)