O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse neste sábado (24), em entrevista coletiva na sede do ministério, ter expectativa de que, em razão das ações do governo, a curva ascedente do desmatamento na Amazônia começou a ser revertida. Mas ele ressalvou que não pode fazer “adivinhação”.
O tema foi objeto de polêmica durante a visita oficial do presidente Michel Temer à Noruega nesta semana. Principal doador do Fundo para a Proteção da Amazônia, a Noruega anunciou uma redução no repasse de verba para o Brasil em razão de os números indicarem aumento no desmatamento.
O país contribui com cerca de R$ 400 milhões por ano para o fundo, destinado à proteção da floresta. Mas o contrato prevê redução dos repasses se o desmatamento crescer.
Na entrevista, concedida horas depois da chegada ao Brasil, na madrugada deste sábado, Sarney Filho quis explicar declaração dada em Oslo a um repórter que perguntou se ele podia garantir que o desmatamento na Amazônia diminuirá. O ministro respondeu que “só Deus” poderia garantir, mas que as ações do governo indicam que isso acontecerá.
“Era bom que vocês tivessem visto a contextualização total. Eu fiz as explicações, e um jornalista me perguntou: ‘O senhor pode garantir que o desmatamento vai diminuir?’ E aí, eu poderia ter dito o seguinte: ‘Todas as ações para que o desmatamento diminuísse foram feitas, acredito que sim’. Agora, adivinhação não posso fazer. Foi isso aí”, afirmou.
Sarney Filho convocou a entrevista coletiva para esclarecer o que chamou de “mal entendido por grande parte da nossa imprensa” em relação à redução dos repasses para o fundo pelo governo norueguês. “Não houve retaliação da Noruega”, afirmou.
“O fundo tem um contrato: desmatamento aumentou, fundo diminui; desmatamento diminui, fundo aumenta”, declarou.
No entanto, segundo ele, houve aumento nos investimentos para fiscalização e controle, o que deverá refletir em melhoria nos índices e fazer com o que o repasse da Noruega para o fundo volte a aumentar.
“O desmatamento não é medido de janeiro a dezembro. É medido de agosto a julho e sai oficialmente, [com dados] já refinados, em novembro”, explicou. “”A nossa expectativa, e os dados preliminares nos dizem, é que essa curva ascendente do desmatamento começou a ser revertida”, disse Sarney Filho.
Segundo o secretário-executivo do ministério, Marcelo Cruz, o Fundo Amazônia é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e funciona por meio de um “gatilho automático”.
“À medida que os projetos vão acontecendo, esse fundo vai esvaziando e há novos aportes. Como fundo, ele é recomposto à medida que vai sendo utilizado”, declarou Cruz.
Sarney Filho disse que as causas do desmatamento são “complexas”, mas responsabilizou o governo anterior pela redução no orçamento da pasta, o que teria impactado negativamente os números.
Questionado por jornalistas sobre o fato de o presidente Michel Temer também ter integrado o governo passado, justificou dizendo que, como vice-presidente, ele não tinha ingerência sobre o setor.
“Acredito que o presidente, como vice não tinha nenhuma gestão nessa área. Que a culpa não é minha e não é do governo Temer. É pela falta do orçamento”, afirmou. (Fonte: G1)