Pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nos Campos Gerais do Paraná, ajudaram a descobrir um novo planeta. A pesquisa, que auxiliou pela primeira vez uma equipe inteiramente brasileira neste tipo de trabalho, foi certificada pela revista britânica Monthly Notices, uma das mais conceituadas na astrofísica.
O novo planeta fica próximo da Constelação de Monoceros – na mesma galáxia da Terra, a Via Láctea, mas fora do nosso sistema solar – e está a 1,2 mil anos luz da Terra. É feito de gás, é avermelhado e tem o tamanho aproximado do de Saturno. Ele ainda não tem novo, mas deve ser batizado com o nome do satélite usado na descoberta: Corot – ID 223977153-b.
A exemplo da Terra, o novo planeta também geria em torno de um sol. Mas, a distância entre os dois é 12 vezes menor. Por isso, para dar uma volta completa em torno do astro luminoso, ele leva apenas seis dias, o que equivale a um ano. Por conta da proximidade com a estrela, a temperatura média no novo planeta é de mais ou menos 1.100ºC. Outra características são os ventos, que chegam a milhares de quilômetros por hora.
Segundo especialistas, a princípio não há evidências de que haja vida no novo planeta. O próximo passo será confirmar a existência de outros dois planetas.
A pesquisa, que foi a tese de doutorado de Rodrigo Boufleur e durou cerca de cinco anos, contou com a participação de quatro instituições públicas. A equipe desenvolveu um novo meio para analisar dados espaciais. Com este método, a descoberta de outros planetas pode ser facilitada.
Maturidade – “Tudo começou ainda no mestrado, quando a gente resolveu entrar neste desafio novo que é buscar planetas. Ninguém havia feito nada ainda. E a gente conseguiu, enfim, entregar um resultado bom”, comemora o pesquisador.
“É muito gratificante. É a valorização do nosso trabalho”, completou o doutor em astronomia e participante da pesquisa, Laerte Andrade.
Para o coordenador da pós-graduação do Observatório Nacional no Rio de Janeiro, Jorge Márcio Carvano, a descoberta representa um grande avanço na astrofísica brasileira.
“Ela mostra o grau de maturidade da ciência brasileira. A importância disso é que o processo pode ser usado em outro conjunto de dados e com isso melhorar as técnicas de identificação de outros planetas”, observou. (Fonte: G1)