Indaiatuba (SP) vai testar um novo tipo de mosquito geneticamente modificado para combater a dengue, chikungunya e zika. O mosquito transgênico OX5034 é uma evolução do tipo de inseto já testado e utilizado em Piracicaba (SP), conhecido como “Aedes do Bem”, e pode ser mais eficiente e barato. O acordo entre a prefeitura e a Oxitec, empresa responsável pela pesquisa, prevê que até o final do ano comecem a ser feitos os testes em dois bairros com maior incidência na cidade.
“Vamos fazer os testes inicialmente na Morada do Sol e no Cecap, podendo depois ampliar para outros locais. Vamos analisar os resultados e, se forem bons, podemos manter o uso desse método nos próximos anos”, disse o secretário de Saúde, José Roberto Stefani. Não haverá nenhum custo para o município nessa fase de testes, que deverá durar até 30 meses.
O secretário disse que vinha acompanhando o resultado da experiência em Piracicaba e essa será a primeira vez que Indaiatuba utilizará um método similar. Antes de iniciar os testes, o secretário está fazendo campanhas para informar a população sobre como é o processo e tranquilizar quem tem receio.
A liberação dos insetos no meio ambiente foi aprovada pela CNTBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. São feitas análises antes dessa liberação para saber se não há riscos para os seres humanos ou o meio ambiente. Os ovos modificados tiveram a liberação de importação e serão desenvolvidas na fábrica da Oxitec em Campinas.
Machos – O mosquito transgênico usado em Piracicaba cruza com as fêmeas selvagens e as larvas geradas por ela, tantos de fêmeas quanto de machos, não chegam à fase adulta, diminuindo a população do Aedes na região.
“A nova linhagem desenvolvida tem as mesmas características da primeira, mas com a diferença de que depois que o macho cruza, somente as descendentes fêmeas morrem”, diz Cecília Kosmann, coordenadora de suporte científico da Oxitec.
Os novos machos herdam os genes do mosquito modificado e, após cada cruzamento, seguem as mortes somente das fêmeas, diminuindo a sua população. Os mosquitos machos não picam e nem transmitem doenças. Somente as fêmeas picam os humanos, pois precisam do sangue para produzirem os ovos. Com isso, os riscos de transmissão da dengue, chikungunya e zica diminuem.
“Indaiatuba é a única cidade até o momento onde faremos os testes dessa nova linhagem, que devem durar 30 meses. Nesse período soltamos os mosquitos duas a três vezes por semana e analisamos os resultados”, diz Cecília.
Após essa fase de testes, os resultados vão para a CNTBio, que avalia se libera ou não o uso comercial. A primeira linhagem já é usada comercialmente em Piracicaba, ao custo de R$ 30 por ano por habitante da região onde é utilizado o mosquito.
A nova linhagem deve ser mais barata, pois o mosquito macho que nasce dos cruzamentos permanece na natureza, mas ainda não há cálculo exato de quanto será a economia. Isso diminui a quantidade de insetos modificados que devem ser lançados e a equipe de soltura e monitoramento.
Para desenvolver a nova linhagem, a Oxitec faz pesquisas em laboratório há cinco anos. Atualmente de 20 a 25 pessoas trabalham diretamente no projeto, que ainda terá mais quase três anos de testes antes de ser analisado para liberação comercial. (Fonte: G1)