Cientistas escoceses desenvolveram técnicas para recuperar fósforo do esgoto, como parte de um projeto para reciclar e conservar um elemento químico vital para a produção de alimentos.
As reservas globais de fósforo estão diminuindo, segundo especialistas, mas a equipe da Glasgow Caledonian University conseguiu recuperar o elemento de água de esgoto, com auxílio de plantas microscópicas.
O fósforo é uma parte essencial de nossas vidas e faz até parte do DNA humano. Sua importância é maior ainda pelo fato de o elemento ser um ingrediente essencial dos fertilizantes que põem comida nas nossas mesas – tanto a agricultura quanto a pecuária (nas rações de animais) usam fósforo.
E, ao contrário, do nitrogênio, outro elemento essencial na composição de fertilizantes, o fósforo não pode ser retirado do ar. Ele é obtido de minas em quantidade pequena de países, nenhum deles bastiões de estabilidade.
Ole Pahl, um dos cientistas da Glasgow Caledonian University, explica a dimensão do problema.
“As estatísticas são de que cada pessoa no mundo usa 22 kg de fósforo em seu estado original por ano”, explica Pahl. “Multiplique isso pela população mundial e você poderá imaginar o quanto consumimos”.
Fossas – O mais impressionante é que nosso corpo usa uma pequena parte do fósforo contido nos alimentos. O resto vai parar nos esgotos e depois se perde no mar. Mas talvez não por muito mais tempo.
A União Europeia criou um projeto chamado Phos4You, do qual a Glasgow Caledonian faz parte. O objetivo é justamente recuperar o fósforo dos esgotos. E isso pode ser obtido em escala industrial nos grandes centros populacionais.
A Escócia, porém, tem apenas cinco milhões de habitantes e poucas estações de tratamento de esgotos de grande porte – o país por exemplo, tem muitas fossas líquidas.
Isso faz com que um método de escala mais apropriada seja necessário.
Em um laboratório da Glasgow Caledonian, a estudante de doutorado Lena Reichelt mostra dois tanques de água de esgoto, ambos com algas microscópicas. Em um deles, as algas coloriram a água de verde. No outro, a água é mais clara e as algas estão grudadas em uma espécie de palito peludo.
“No primeiro tanque, as águas estão suspensas. No outro, estão grudadas em uma película biológica e consumindo o fósforo na água. Estamos tentando recuperar o fósforo delas”. A película biológica é feita de lã.
As algas, porém, é que são o trunfo: elas foram trazidas de um rio poluído na Espanha, como explica uma das cientistas do projeto, Ania Escuero. “Elas são extremamente resistentes e não precisam de muita luz. O crescimento delas é inibido com muita luz”, explica Escuero. (Fonte: G1)