Fundação: 1961
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários: 11.000
Era preciso garantir matéria-prima para um negócio cada vez mais robusto da Duratex, fabricante de painéis de madeira, hoje a maior do Hemisfério Sul e já na época, o ano de 1971, uma das estrelas da atual Itaúsa, a holding controladora do Itaú Unibanco. Surgia assim a Duratex Florestal, um ano depois de a empresa ter comprado uma grande área de floresta em Lençóis Paulista (SP). A Duratex Florestal tem atualmente 275.000 hectares de florestas no Brasil e 11.000 hectares na Colômbia, cultivados segundo as melhores práticas. Reuniu, assim, credenciais suficientes para receber o prêmio especial de campeã em Sustentabilidade dos Melhores do Agronegócio.
“Desde aquela época, a empresa entendia que, para fazer as coisas sustentáveis no longo prazo e ter controle sobre a origem da madeira, seria necessário controlar toda a cadeia”, afirma Antonio Joaquim Oliveira, presidente da Duratex, companhia com porftólio amplo para construção e decoração. Além de painéis e laminados de madeira, oferece os produtos da marca Deca, de louças e metais sanitários. A empresa, segundo ele, sempre pontuou suas ações pela sustentabilidade e se tornou referência em alta produtividade e custo baixo ao longo de décadas. “Não adianta falar em sustentabilidade se você não tem uma floresta economicamente produtiva”, diz o executivo.
Ao apostar, justamente, na evolução do conceito aplicado durante toda a sua história, a Duratex estabeleceu, em 2016, uma nova estratégia de sustentabilidade. “Tínhamos vários trabalhos dispersos sobre o tema e resolvemos transformar tudo em uma única estratégia, à qual nos vinculamos publicamente, e estabelecemos 45 compromissos pactuados entre nosso pessoal de sustentabilidade e todos os executivos da companhia”, afirma Oliveira. Entre as metas fixadas para até 2025, oito estão relacionadas especificamente ao manejo florestal.
Desde a sua fundação, manejo florestal é um assunto sério para a Duratex. “Fomos a primeira empresa da América do Sul a receber, em 1995, um selo FSC (Forest Stewardship Council)”, diz Oliveira. O selo FSC atesta a qualidade de produtos madeireiros originados de um bom manejo florestal e contempla um tripé forte, na descrição do presidente: “O trabalho ambiental tem de ser muito bem-feito. Além disso, a empresa precisa estar em boa situação econômica, se não dificilmente vai investir em conservação ambiental, e deve interagir positivamente com a comunidade local”.
Entre as 45 metas de sustentabilidade, Oliveira destaca ainda o compromisso de reduzir o consumo de água na irrigação do plantio em 50% e dobrar as bases genéticas até 2025, com mais opções para seleção. “O grande aspecto dessa iniciativa é transformar nossa estratégia de sustentabilidade em um negócio para toda a companhia.”
Já em 2015, a Duratex desenvolveu um programa específico para verificar todas as oportunidades de reduzir custos e aumentar a produtividade. “Em 2016, reduzimos o custo de produção em 7%. Já a produtividade cresceu, só em 2016, 4% nas florestas de São Paulo e 10% nas de Minas Gerais, Estados que respondem por 95% da área total da companhia”, diz o presidente.
Há décadas a empresa desenvolve programa de melhoramento genético. “É necessário bastante tempo para testar um produto de forma consistente no campo”, afirma. Escolhe-se o melhor material genético para cada fazenda. Os plantios de eucalipto nas áreas mais produtivas rendem hoje, facilmente, 50 metros cúbicos por hectare ao ano, quando no final dos anos 1970 ficavam em 20 metros cúbicos por hectare ao ano. Dá para entender, portanto, porque os investimentos em pesquisa são contínuos. “ Em 2016, investimos R$ 2,5 milhões em novos experimentos”, diz Oliveira.
Impossível, porém, evitar todos os efeitos da retração do mercado nos últimos anos nos negócios de painéis e de louças e metais sanitários. Mas na Duratex Florestal, especificamente, o lucro líquido cresceu 28,6% em 2016. “Como o segmento de painéis de madeira seguia em queda, resolvemos ampliar a comercialização de madeira para terceiros. Em relação a 2015, a Florestal aumentou em 60% o volume vendido para empresas de papel e celulose e de energia, entre outras. A divisão florestal ganhou independência da operação de painéis e compensou a retração das outras áreas”, diz Oliveira.
Fonte: Revista Globo Rural