A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) anunciaram o início das ações de implementação de práticas de manejo sustentável e recuperação de áreas degradadas da região do semiárido sergipano, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A boa nova foi revelada durante reunião realizada na manhã desta quarta-feira, 18, com participação de instituições públicas e gestores dos municípios do alto sertão.
Entre todos os Estado do Nordeste, Sergipe é o primeiro a colocar as ações das Unidades de Recuperação de Áreas Degradadas (Urads) em prática. Segundo o projeto Urad, as unidades devem ser implantadas em microbacias hidrográficas, com a participação direta das comunidades.
Foram contemplados três assentamentos de reforma agrária (Valmir Mota, Floresta Fernandes e Jacaré-Curituba) e uma comunidade (Poço Preto), localizados nos municípios de Canindé de São Francisco e Poço Redondo. Esses assentamentos terão acompanhamento técnico de controle de erosão dos solos, recuperação de cobertura vegetal, melhoramento da qualidade de vida humana e criação de sistemas produtivos. As experiências nessas localidades serão replicadas para os outros cinco municípios do Alto Sertão.
Esta etapa inicial tem duração de nove meses. Cada unidade trabalha com uma comunidade que tem, no mínimo, de 30 a 40 famílias, totalizando um investimento superior a R$ 500 mil por comunidade. A meta é que, até 2100, o semiárido sergipano esteja 100% recuperado.
O secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Olivier Chagas, reconheceu que a região do semiárido sergipano já apresenta indícios de desertificação e que o governador Jackson Barreto tem acompanhado os desdobramentos dessa problemática de perto.
“É concreto que nós temos áreas apresentando degradação com sérios riscos de desertificação aqui no Estado. Nós precisamos implementar políticas de recuperação da caatinga, política de orientação do correto manejo com o solo e também políticas que incrementem a atividade produtiva dessa área. O Governo, por meio da Semarh, sempre buscou dialogar com essas pessoas, dando orientação técnica de lidar com o solo. Historicamente, o ser humano fez o uso incorreto da terra. Hoje, restam menos de 10% da nossa caatinga. As políticas públicas estão sendo implementadas e nós queremos reverter essa situação”, declarou o gestor da Semarh.
O professor Valdemar Rodrigues, diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, elogiou a parceria da Semarh para a execução dos serviços. “Depois de um longo tempo, nós, finalmente, vamos implementar as ações no campo. Na gestão desse processo existe um comitê, formado por instituições públicas como Semarh, Seagri, Emdagro, MMA, PNUD. Hoje foi feita a reunião com todos os parceiros para comunicar que nós já vamos começar essas ações. Os municípios pilotos são Poço Redondo e Canindé de São Francisco e as experiências nessas localidades serão replicadas nos outros cinco municípios do Alto Sertão. O secretário Olivier tem liderança e representatividade para o êxito dessas ações”, destacou o professor.
Ainda segundo Valdemar, o MMA chegou à conclusão de que era preciso recuperar água, solo e biodiversidade dessa região. “Mas fazer isso sem o apoio da comunidade, a gente não consegue. Nós conseguimos integrar nessa estratégia de Urads, as ações ambientais, dentro do nosso propósito, as ações sociais, que é para melhorar a qualidade de vida das pessoas, e as ações produtivas. Não adianta querer melhorar as qualidades ambientais e deixar um sistema produtivo tão destruidor como era o anterior. A ideia é compatibilizar um módulo produtivo que garanta a qualidade de vida e renda para aquela população, para que ela possa cuidar, de forma sustentável, da preservação das áreas degradadas”.
A coordenadora do PNUD, Rose Diegues, explicou que o PNUD é a agência implementadora do financiador desse projeto, que é o Fundo Multilateral para o Meio Ambiente Global. “O PNUD, então, cuida desses recursos e que faz toda a supervisão e gestão de qualidade desse projeto perante o doador. O nosso papel é muito mais voltado à supervisão das atividades e apoio técnico ao MMA e aos técnicos aqui em Sergipe, para que as atividades sejam realizadas”.
O secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, também participou da reunião e se dispôs a ajudar. “A desertificação impacta o ser humano e o setor produtivo. É importante que tenhamos um sertão que continue produtivo e em harmonia com a natureza. Quando a produção alimenta o homem, é importante que ela alimente o solo. É vital preservar essas áreas. Estamos todos juntos”.
Fonte: Semarh