Rachaduras em casas, estradas e até em plantações do distrito de Joatuba, em Laranja da Terra, no Noroeste do Espírito Santo, preocupam moradores do local. Especialistas acreditam que problema esteja relacionado ao uso e manejo do solo.
O pedreiro Devanilton Machado construiu a própria casa. Agora, ele vê as rachaduras que a fazem se desmanchar como um castelo de areia.
“Foi começando devagar, aí cada dia que passava abria mais. Eu já enfiei uma vara de seis metros no buraco e se soltar, ainda vai mais”, contou.
A casa dele chegou a ficar dividida ao meio, com uma parte mais alta do que a outra. As rachaduras atravessam a residência e continuam do lado de fora, cortando a plantação também.
A defesa civil mediu o tamanho do desnível, a espessura das rachaduras, e condenou a casa.“Os moradores têm que sair o mais rápido possível”, alertou o coordenador da Defesa Civil, Emílio Seibel.
Na comunidade de Criciúma, distrito de Sobreiro, que fica mais a cerca de 20km de Laranja da terra, também foram registrados seis casos semelhantes.
O que dizem os especialistas
O engenheiro civil Jeam Bulerian esteve em uma dessas casas e, segundo ele, as rachaduras podem gerar um colapso, podendo causar a queda da estrutura.
“Esse solo está se movimentando para baixo, fazendo com que a estrutura da fundação da casa também se movimente dessa forma. De uma forma mais coloquial, ela está afundando”.
Uma das possibilidades levantadas por Emílio Seibel é de que as rachaduras têm alguma ligação com a agricultura.
“O excesso de água que estão retirando dos poços artesianos para a agricultura deixa o solo mais seco. Com isso, a terra está cedendo, e acho que está fazendo as rachaduras”, opinou.
Para tentar entender o que está acontecendo, a reportagem também conversou com o professor de geotecnia na Ufes Patrício Moreira Pires. Ele disse que uma hipótese provável é de que o solo esteja se movimentanto. “É um movimento superficial, lento, da ordem de centímetros por ano”, disse.
O professor também afirmou que não existe uma causa específica para esse fenômeno, mas uma possibilidade é de que esteja relacionado ao uso e manejo do solo. “A ocupação e a mudança das condições naturais favorecem acontecimentos desse tipo”, explicou.
Pires alerta para a necessidade de se fazer um estudo demarcado esses lugares, porque esse tipo de movimento pode atingir grandes áreas. “Muito provavelmente vai continuar dessa forma por anos. Por acaso, atingiu as residências, mas pode atingir dezenas de quilômetros quadrados”, finalizou.
A prefeitura de Laranja da Terra informou que vai contratar um profissional para fazer o estudo, mas ainda não estabeleceu um prazo.
Fonte: G1