Analistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estiveram recentemente no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (PNMA), no litoral da Bahia. A visita teve como objetivo capacitar equipes locais no manuseio e coleta de dados biológicos de aves marinhas e subsidiar a elaboração de programa de monitoramento de aves na unidade de conservação.
Foram realizadas atividades de marcação e recaptura de aves marinhas e de capacitação da equipe do parque para a coleta de dados de biometria das aves com base nos protocolos utilizados pelo Cemave nas diversas unidades de conservação do ICMBio. As equipes também realizaram a contagem dos ninhos ativos de diversas espécies nas diferentes ilhas do arquipélago.
O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é um importante berçário para diversas espécies de aves marinhas, com destaque para as fragatas (Fregata magnificens), atobás (Sula dactylatra e S. leucogaster), beneditos ou andorinha-do-mar-preta (Anous stolidus), além das espécies criticamente ameaçadas de extinção grazinas ou rabo-de-palha-do-bico-vermelho (Phaeton aethereus) e rabo-de-palha-do-bico-vermelho (P. lepturus). Abrolhos se destaca ainda por ter a maior colônia da grazina-de-bico-vermelho do Brasil.
Atrativo
A conservação das espécies de aves marinhas ameaçadas é um dos objetivos de manejo do Parque Marinho dos Abrolhos. Além da sua importância ecológica, essas aves são um dos principais atrativos de visitação da unidade, em que o visitante, durante o seu desembarque na ilha Siriba, pode contemplar os ninhais de atobás-branco e grazinas, além de observar as aves durante todo o seu passeio na unidade de conservação.
De acordo com Fernando Repinaldo, chefe do parque, os programas de monitoramento da biodiversidade permitem um acompanhamento de longo prazo das populações e são importantes para gerar informações biológicas para subsidiar a gestão e o manejo, além de avaliar o alcance dos objetivos de conservação da unidade. “A atividade proposta também soma-se ao recém publicado Programa Monitora (Instrução Normativa ICMBio 03/2017), reforçando o apoio do Cemave e programa do Voluntariado na UC como participantes importantes no processo”.
A capacitação da equipe do parque, destacou ainda Repinaldo, enriquece também as possibilidades de interpretação ambiental dentro da unidade com mais informações sobre as aves marinhas e maior engajamento de funcionários e voluntários nas atividades da UC.
Conservação
Segundo Patrícia Serafini, analista ambiental do Cemave, a visita reforçou a necessidade da continuidade e ampliação de ações para a conservação das aves marinhas em Abrolhos, em especial, a necessidade do controle e manejo de espécies exóticas que afetam negativamente a biodiversidade local, muitas das quais serão alvos de discussão com outros setores da sociedade na oficina para elaboração do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves Marinhas, prevista para este mês.
O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos vem desenvolvendo alguns programas de monitoramento da biodiversidade com suporte científico dos centros nacionais de pesquisa do ICMBio. Os programas têm como enfoque monitorar as populações de espécies ameaçadas e espécies objetivos de conservação da unidade e cumprir ações propostas nos planos de ação nacional (PANs) desenvolvidos pelo ICMBio.
Lucas Cabral, bolsista GEFMar de apoio científico do parque, considerou fundamental o papel dos centros de pesquisa tanto para fornecer suporte técnico/científico para a equipe da unidade quanto para padronizar protocolos de coleta de dados que possam ser utilizados em outras unidades”.
As atividades de capacitação contaram com o poio financeiro do Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas do Brasil – Projeto GEF Mar/Funbio.
Fonte: ICMBio