Coube a Jorge Velloso, do Instituto Água Boa, da Bahia, falar em nome dos proprietários das quatro reservas criadas. Ele lembrou que o “movimento rppnista” vinha lutando há cinco anos para instituir um dia dedicado à celebração das RPPNs. “As reservas particulares precisam ser exaltadas, como estamos finalmente fazendo hoje. Além de fundamentais para conservação da biodiversidade, elas mantém a paisagem, o fluxo de fauna, entre outros benefícios”, disse.
Futuras gerações – As RPPNs foram criadas por decreto em 1990 e passaram a ser consideradas Unidades de Conservação no ano 2000, com a publicação da Lei 9.985, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). São mais de 1.400 reservas distribuídas em todo território nacional (federais, estaduais e municipais), reconhecidas por pessoas físicas e jurídicas e todos com o mesmo objetivo, preservar a diversidade biológica para as presentes e futuras gerações.
Criadas pela iniciativa de proprietários particulares, as RPPNs têm como principal característica a conservação da diversidade biológica. Essas áreas são gravadas com perpetuidade, na matrícula do imóvel, sendo que o proprietário não perde a titularidade. Entre as características importantes dessas unidades de conservação, estão a possibilidade da participação da iniciativa privada no esforço nacional de conservação da natureza, apresentação de índices altamente positivos na relação custo/benefício, contribuição para ampliação das áreas protegidas no país, além de promover a diversificação das atividades econômicas, criando novas oportunidades de emprego e renda na região.
Conheça as quatro novas RPPNs
RPPN Volta Velha – Padre Piet Van Der Art – Protege área de Mata Atlântica, no norte de Santa Catarina, no município de Itapoá. Tem 285 hectares, de propriedade do casal Natanoel e Arnolda Machado. Desde 1992, a propriedade mantém no local outra RPPN, a Fazenda Palmital, com 586 hectares. As duas protegem o rio Saí Mirim, riachos com águas escuras da planície e uma floresta com árvores de cerca de 20 metros de altura. Possui centro de recepção de visitantes, trilhas e programa de educação ambiental ao ar livre. Além disso, abrirá em breve o Centro de Referência em Estudos de Florestas Costeiras, que será a nova estrutura para recepção de pesquisadores e jovens das escolas da região. As atividades turísticas geram empregos para a comunidade e biólogos, que se envolvem na execução de programas da Associação de Defesa e Educação Ambiental (Adea). A associação ajuda o gerenciamento da reserva.
RPPN Cachoeira do Andorinhão – Fica na área de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica no sul de Minas, no município de Cambuí (foto ao lado). Com 2,2 hectares, de propriedade de Geraldo Deforno Júnior, abriga mata nativa e espécies variadas de fauna e flora. Os atributos principais são o rio do Peixe e a Cachoeira do Andorinhão, que dá nome à RPPN. Promove visitação guiada e prepara projeto turístico com potencial de geração de emprego e renda. Pesquisadores de universidades mineiras já manifestaram interesse em conhecer o local com a intenção de realizar estudos sobre a biodiversidade.
RPPN Contendas II – Protege remanescentes do bioma Mata Atlântica, no município de Itaberá (BA), no baixo Sul da Bahia. A região sofre forte pressão de atividades econômicas, que causam desmatamento. A RPPN tem 173 hectares e é de propriedade de Ana Cristina Borges Souza e Carlos Geraldo Coelho Souza.
RPPN Sítio Lagoa – Localizada em região de transição de Mata Atlântica e Caatinga, nas serras úmidas do semiárido nordestino, no Ceará, nos municípios de Guaramiranga e Caridade, a reserva tem 70 hectares de florestas úmidas, que contribuem para a estabilidade climática e a preservação de algumas espécies em extinção. Faz limite com um corredor de transição do semiárido do sertão, o que representa fator de vulnerabilidade de sua natureza. Desenvolve atividade turística na parte que fica em Guaramiranga, contribuindo para o desenvolvimento econômico da cidade. A sua extensão representa, aproximadamente, 20% da área total da propriedade de Yvomar-Agro e Turismo S.A.
Fonte: ICMBio