O Brasil e cerca de 40 países definiram, em Foz do Iguaçu, medidas para ampliar a recuperação da vegetação a nível internacional. As ações foram discutidas nesta sexta-feira (16/03) na 3a Reunião do Desafio de Bonn, o maior compromisso de restauração florestal do mundo. No encontro, os governos apresentaram os programas e iniciativas que têm adotado em seus próprios territórios para contribuir com o alcance da meta coletiva de restaurar 150 milhões de hectares até 2020.
A adesão brasileira ao Desafio de Bonn foi confirmada pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, em 2016, e a escolha do país para sediar a reunião decorre dos esforços e resultados atingidos pelo governo federal nessa agenda. O secretário de Biodiversidade do MMA, José Pedro de Oliveira Costa, destacou esses avanços, que incluem variados investimentos e ações como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). “Abrimos caminho para um novo projeto de desenvolvimento do país”, afirmou.
A Alemanha, que lançou o desafio anos atrás, reconheceu o engajamento brasileiro e do restante dos países. A diretora-geral para Conservação Ambiental do governo alemão, Elsa Nickel, destacou medidas de recuperação como as que estão em curso na região de Foz do Iguaçu, realizadas por meio de programas da Itaipu Binacional, hidrelétrica controlada pelo Brasil e o Paraguai. “O Desafio de Bonn trouxe um momento robusto para o reflorestamento”, afirmou. “Precisamos implementar ações concretas em todos os níveis”, acrescentou.
VEÍCULO
Com foco na biodiversidade, as ações incentivadas pelo Desafio de Bonn contribuem para avanços em outras áreas da pauta ambiental. “A restauração florestal é um veículo para o desenvolvimento sustentável, com a geração de empregos verdes e a mitigação da mudança do clima”, exemplificou Malik Amin, vice-presidente da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), organização coautora da iniciativa. “Estamos viabilizando as bases políticas para esse processo.”
Ações para integrar a sociedade e os países participantes da iniciativa também foram defendidas na reunião. O secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA, Everton Lucero, afirmou que a atuação conjunta é fundamental para o cumprimento do Desafio de Bonn e de outros instrumentos internacionais, como o Acordo de Paris, que busca conter o aquecimento global. “Precisamos do engajamento de organizações não-governamentais, setor privado e academia para avançar e, se possível, superar nossas metas”, afirmou.
IMPACTO LOCAL
A reunião do Desafio de Bonn analisou, ainda, os efeitos regionais das ações com foco no reflorestamento. No contexto do Brasil, foram destacadas iniciativas para a conectividade de ecossistemas prevista pelo projeto Paisagens Sustentáveis, que destinará US$ 60 milhões para a sustentabilidade na Amazônia. O programa, financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), promove a integração ao prever parcerias com governos estaduais e ao envolver áreas do bioma inseridas nos territórios da Colômbia e do Peru.
O projeto Corredor de Biodiversidade Santa Maria, encabeçado pela Itaipu Binacional, é outro exemplo apontado na reunião. A iniciativa promove uma ligação entre a faixa de proteção do reservatório da Itaipu e o Parque Nacional do Iguaçu e envolve a recuperação das matas ciliares, além do saneamento ambiental da região. O programa ainda inclui o monitoramento da fauna e da qualidade da água. “Esse é um projeto que tem um impacto local muito grande e que demonstra liderança e a cooperação”, explicou Everton Lucero.
SAIBA MAIS
O Desafio de Bonn é um esforço global com a finalidade de restaurar 150 milhões de hectares em todo o mundo até 2020, e ampliar esse número para 350 milhões de hectares até 2030. A iniciativa foi lançada em 2011 pela Alemanha em parceria com a IUCN. O Brasil aderiu ao desafio em 2016, durante a 13a Conferência das Partes (COP 13) sobre diversidade biológica, realizada em Cancún, no México. Até o momento, mais de 40 países aderiram ao desafio e se comprometeram em restaurar um total 160,2 milhões de hectares pelo mundo afora.
Fonte: MMA