Doze analistas do Ibama se revezaram de outubro de 2017 a março de 2018 no monitoramento dos programas ambientais exigidos para a reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). A equipe orientou a destinação de resíduos, acompanhou a proteção às aves, determinou a formulação de ações preventivas contra incidentes com óleo, verificou a execução das medidas mitigadoras e observou o cumprimento do Protocolo de Madri, tratado que assegura a proteção do meio ambiente em todas as atividades realizadas no continente antártico.
Acompanhados pelo Ibama desde 2016, os programas ambientais da obra incluem ações para diminuir a supressão vegetal e monitorar a qualidade do ar, da água e do solo, além de vibrações, ruídos e efluentes. O programa de monitoramento das aves foi adotado a partir do verão Antártico de 2017/2018 com o objetivo de acompanhar alterações no habitat e os impactos causados às espécies locais pela reconstrução da estação e pela instalação de aerogeradores, que usam a força dos ventos para a produção de energia elétrica.
“A rotina dos 217 operários que trabalham na reconstrução da Estação foi aprimorada pela equipe. Realizamos palestras sobre conduta consciente no ambiente antártico e distribuímos cartilhas inclusive em mandarim para os trabalhadores”, disse a coordenadora-geral de Emergências Ambientais do Ibama, Fernanda Pirillo. Os analistas do Instituto também acompanharam diariamente os “Diálogos Diários de Segurança, Meio Ambiente e Saúde”, realizados ao término de cada turno para reforçar as orientações.
Desde o início da reconstrução da EACF, o Ibama acompanha a relocação de musgos que existiam na área do futuro heliponto. Avaliação técnica realizada em 2018 aponta que a transferência da vegetação para um novo setor com características ambientais semelhantes foi bem-sucedida.
Após a supervisão das atividades, foram propostos ajustes na gestão de resíduos e nos processos de transferência de combustível e manutenção de equipamentos e veículos. Os trabalhadores receberam orientações sobre manejo de solo contaminado, armazenamento adequado de produtos perigosos e construção de bacia de contenção para tanques de combustível. O Ibama também determinou que não haja interação com a fauna local.
As obras para reconstrução da Estação, que ocorrem na península Keller, às margens da Baía do Almirantado, na Ilha Rei George, são realizadas somente durante o verão antártico. Condições meteorológicas adversas dificultam o trabalho e o acesso ao local em outras estações. Na última temporada de obras foi retomada a instalação dos módulos de Comunicação, Meteorologia e Ozônio e da Estação Rádio de Emergência.
A Estação Antártica Comandante Ferraz, criada em 1984 para a realização de estudos científicos, foi destruída após incêndio ocorrido na madrugada de 25 de fevereiro de 2012, que atingiu 70% das instalações. As pesquisas não foram interrompidas. Uma base provisória foi montada sobre o heliponto da antiga estação, no início de 2013.
Com o projeto de reconstrução, escolhido em concurso realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a EACF terá área construída de aproximadamente 4,5 mil m², dividida em 7 setores. Haverá 14 laboratórios para atividades científicas realizadas no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). O projeto arquitetônico selecionado em abril de 2014 foi desenvolvido pelo ESTÚDIO 41 Arquitetura.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é responsável pelo segmento ambiental do Proantar desde a ratificação do Tratado da Antártica em 1975.
Fonte: Ibama