Poluição em Brasília: quatro pontos da capital têm ar crítico

A Rodoviária do Plano Piloto, a Fercal e a comunidade Queima Lençol são os piores lugares para respirar no Distrito Federal. Estudo do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) mostra que a quantidade de poluentes atmosféricos nessas regiões, consideradas sensíveis, aumentou em 2017 em relação a 2016. Mas, de acordo com especialistas, a medição de impurezas do ar nas localidades está incompleto e a situação pode ser ainda pior. Diferentemente do que determina o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o GDF não mede, por exemplo, a emissão de gases, só de partículas em suspensão.
Além disso, a detecção dessas partículas também está defasada. De nove estações de monitoramento, apenas quatro funcionam: na Rodoviária do Plano Piloto, na Fercal I, na fábrica de cimento Ciplan (ao lado de Queima Lençol) e no Zoológico. A estação de Taguatinga, na Praça do Relógio, também considerada uma região sensível, foi retirada depois de danificada em um acidente de carro, em 2016. Foram desativados, ainda, equipamentos na L2 Norte, na W3 Sul, Fercal II e em Queima Lençol.
Os dados sobre o aumento da poluição atmosférica estão no Relatório de Qualidade do Ar de 2017, elaborado pelo Ibram. Para que a qualidade da atmosfera seja considerada boa, o índice de material particulado geral (PTS) deve ser de, no máximo, até 80 microns por metro cúbico; para ser considerada regular, 240; e inadequada, 375. Na estação da Ciplan, a pior medida registrada, a média anual de PTS subiu de 429,74 para 478,81 (11,4%). Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) do MMA, a qualidade do ar na área é “má”. Na Fercal, o PTS aumentou de 144,66 para 152,4 (5,3%), e na Rodoviária do Plano, de 104,53 para 107,51 (2,8%). Nas medições feitas em Taguatinga entre 2005 e 2012, a qualidade do ar ficou entre regular e inadequada, com 200,61 PTS em 2005, caindo para 152,74 em 2008, e subindo para 254,62 em 2012.
Doenças
Quem mora em Queima lençol convive com a poeira ldas explosões da Ciplan e com a fumaça da fábrica. A universitária Juliana Soares de Oliveira, 27 anos, conta que a filha, de 4, foi internada com bronquite asmática, e o sobrinho, de 6 meses, também sofre com as partículas. “Minha filha ficou 24 horas internada. A roupa no varal, os móveis, tudo fica sujo”, conta.
Médica alergista, Marta Guidacci destaca que, na seca, as doenças respiratórias crescem. A poluição, mesmo em casa, é um agravante. “O gás carbônico do carro na garagem e o gás de fogão pioram a saúde. Além da fumaça veicular vinda da rua ou das partículas e poluentes das fábricas.”

Fonte: Correio Braziliense