A partir disso, Fidino e seu parceiro no projeto Urban Wildlife Inst, Jazmin Rios, perceberam que as interações com os seguidores poderiam servir de orientação sobre como melhorar a comunicação com a sociedade pensando em aumentar a conscientização sobre a conservação da natureza. “Chegamos a um ponto em que não podemos ignorar a internet. Esta é a maneira pela qual muitas pessoas aprendem sobre o mundo ao redor delas”, disse Fidino em entrevista a Wired.
Ele e seus parceiros de pesquisa abraçaram a ideia de que a comunidade em rede, com seus milhões de compartilhamentos e opiniões por dia, pode oferecer dados úteis e visão mais estratégica da relação entre os homens e a natureza. O time analisou mais de 50 mil comentários nos vídeos de maior audiência postados no YouTube que exibiam os três mamíferos mais comuns nos Estados Unidos: os coiotes, um tipo de gambá e os guaxinins.
Os vídeos tinham cenários e situações variadas. Alguns mostrando os animais, que são selvagens, como bichos de estimação, outros sendo perseguidos por humanos ou ainda brigando entre si. Cada vídeo teve mais de 1 milhão de visualizações e rendeu outro tanto considerável de comentários.
Os pesquisadores classificaram os comentários dentro de uma gama de categorias baseada no tipo de atitudes que humanos têm em relação aos animais. Entre eles, o humanístico (tratando-os como bichos de estimação), dominionista (neologismo para perfil de dominador ou controlador) e negativista (que têm a ideia de que alguns animais são nojentos e repulsivos).
De acordo com Fidino, lidar com as opiniões desse público sobre diferentes espécies de animais pode ajudar as organizações ligadas à conservação da vida selvagem a pensarem melhor sobre ideias errôneas que o público leigo tem acerca de algum tema, além de repensarem novas formas e novos conteúdos para comunicar.
Quer um exemplo? Metade dos comentários em vídeos de coiotes considerava matá-los. Já a maioria das considerações nos vídeos com guaxinins os classificava como ‘fofos’ e possíveis bichos de estimação.
O trabalho de Fidino não faz nenhuma recomendação específica sobre como os profissionais da área ambiental devem fazer para lidar melhor com o tema na internet, mas conhecer as opiniões e ideias que a população tem sobre a vida selvagem pode servir de inspiração. “Se eu respondo a um desses comentário dizendo: ‘olá, sou o dr. Mason, e você não deveria querer um guaxinim como um animal de estimação’, isso provavelmente não teria muito impacto”.
Fonte: Época Negócios