Com o objetivo de fortalecer os biomas brasileiros e desenvolver estudos sobre o impacto do setor agropecuário no meio ambiente, foi aberta nesta segunda-feira, em Brasília, a Oficina de Biodiversidade e Pecuária. Realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com outros órgãos, a oficina tem a finalidade de ampliar diálogos e o entendimento sobre a relação pecuária e a biodiversidade em cada um dos seis biomas brasileiros.
O encontro, que ocorre até esta terça-feira (22), no Instituto Serzedello Corrêa, também tem a finalidade de adequar o Guia para avaliações quantitativas da biodiversidade no setor pecuário, fruto da Parceria Internacional de Avaliação do Desempenho Ambiental da Pecuária (Leap).
A secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Juliana Simões, defendeu, ao abrir a oficina, que diante do cenário nacional do país, de ser o maior produtor de carne vermelha e, ao mesmo tempo, o país com a maior biodiversidade do mundo, é hora de assumir o protagonismo das ações. “Por esses dois motivos não tinha como o Brasil ficar fora dessa discussão de indicadores de biodiversidade e, mais do que isso, a gente precisa liderar essa discussão de biodiversidade e de pecuária. Estamos aqui nessa oficina para identificar as boas práticas no Brasil”, destacou a secretária.
Juliana Simões ressaltou, ainda, que o Brasil não só assumiu metas voluntárias no Acordo de Paris, como as está cumprindo, como o compromisso de recuperar 12 milhões de hectares até 2030, de ampliar em cinco milhões de hectares os sistemas agrícolas integrados e, também, de recuperar 15 milhões de hectares em pastagens degradadas. “E a gente não tem dúvidas que ao fazer isso, ao cumprir essa meta, a gente vai fazer essa recuperação com lavoura, pecuária e floresta, e essa será uma contribuição sim para a biodiversidade”, declarou a secretária.
CONTRIBUIÇÕES
O representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Alan Bojanic, afirmou que a discussão sobre biodiversidade e a pecuária envolve 17 países atualmente, mas que a contribuição do Brasil será fundamental para definir as diretrizes globais sobre o tema. “Vamos cada vez mais precisar da série de conhecimentos que o Brasil tem sobre o tema para gerar contribuições e as diretrizes que consigam depois servir de referência aos demais países, para harmonizar essas metodologias”, completou o representante da FAO.
O secretário substituto de Mobilidade Social, do Produtor, Rural, e do Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pedro Neto, falou que o Brasil avançou muito com a implementação do Código Florestal. “A agropecuária no Brasil já é sustentável, pela rigidez ou pela modernidade do marco regulatório pelo qual estamos expostos e cito o Código Florestal. A própria implementação dele e de suas ferramentas já dará uma visão do que a cadeia representa e se conseguirmos avançar para uma discussão equilibrada do avanço sustentável dessa cadeia da pecuária com as questões da biodiversidade, aí a gente terá um marco institucional enquanto país”, esclareceu Pedro Neto.
Já o secretário de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa, Renato Rodrigues, ressaltou a tecnologia da integração da lavoura, pecuária e floresta, desenvolvida há décadas pela empresa, que vai auxiliar a encontrar um equilíbrio entre a pecuária e a preservação da biodiversidade brasileira. “Em termos de benefícios ambientais é a tecnologia mais eficiente que a gente tem hoje. O Brasil pode dizer que tem uma agricultura sustentável, de uma maneira geral, claro que ainda temos problemas, mas em termos comparativos com outros países a gente tem uma agricultura e pecuária preocupada com o meio ambiente e muito atuante”, finalizou Rodrigues.
FORTALECIMENTO
Para o chefe da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Ministério das Relações Exteriores, Rodrigo Estrela, a iniciativa do encontro é relevante para desenvolver e fortalecer a agropecuária brasileira lá fora de forma sustentável. “Não há carne que seja mais discutida no mundo do que a carne brasileira. Do ponto de vista da sustentabilidade, da sanidade, fruto de uma agropecuária tropical e sustentável, mas não só do ponto de vista ambiental, mas social e econômico”, salientou Estrela.
O evento é uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Fonte: MMA