Ampliação de aterro em Guarulhos pode provocar risco ambiental e aéreo

Projeto de ampliação de aterro sanitário preocupa ambientalistas e moradores de Guarulhos

A ampliação do aterro sanitário em Guarulhos, na Grande São Paulo, pode causar riscos ambientais e aéreos por causa da proximidade do aeroporto de Cumbica. A ideia é que uma área no bairro do Cabuçu, em Guarulhos, que já é vizinha de outros dois aterros, vire um aterro sanitário de 128 mil metros quadrados. A área é encravado no Parque Estadual da Cantareira.

O terreno onde o lixo será depositado, caso a licença seja concedida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), fica a menos de 6,9 quilômetros do Aeroporto de Cumbica. O especialista em políticas públicas de meio ambiente Carlos Alberto Bocuhy diz que aterros atraem muitos urubus o que pode colocar em risco os aviões.

“A lei de segurança aeroportuária determina 20 km de raio, ou seja, nós temos aí um empreendimento que está 6 km do aeroporto enquanto deveria estar a 20 ou mais”, diz ele.

Ampliação

Atualmente existem dois aterros próximos ao Trecho Norte do Rodoanel. O municipal de Guarulhos, que recebe o lixo doméstico da cidade, e o CDR Pedreira, que é um aterro particular, em São Paulo. Só o último recebe diariamente cinco mil e oitocentas toneladas de lixo de 9 cidades. Com a ampliação, esse aterro vai ganhar mais cento e vinte e oito mil metros quadrados.

A primeira preocupação da dona de casa Rosendi Fonseca é com o meio-ambiente. “A questão ambiental, que vai desmatar, temos aqui onde abastece água em toda região. E segunda (preocupação) são as famílias que eles estão tirando e deixando à mercê. Isso incomoda toda a população”, disse ela.

Aterro já opera perto da capacidade total

A empresa dona do aterro CDI Pedreira quer ampliá-lo porque já está operando perto da capacidade total de armazenamento. O projeto foi encaminhado à Cetesb. De acordo com Fábio Zampirollo, diretor da empresa dona da CDR Pedreira, a preservação ambiental é uma preocupação. “Vai ter todos os cuidados de impermeabilização do solo, coleta do chorume e tratamento, coleta do biogás e tratamento, parte de cobertura e o cuidado de pós-fechamento mesmo após o término de vida útil do aterro.”

A bióloga Daniele do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Guarulhos, diz que a mata que pode receber a ampliação do aterro fica dentro de uma área de proteção ambiental, criada por uma lei municipal de 2010.

“A ampliação do aterro desrespeita a lei municipal e é contra todos os princípios que a gente sempre luta, pela preservação, até a questão da gestão do resíduo”, diz ela.

Prefeitura nega problemas

A prefeitura de Guarulhos disse que diferentemente dos lixões, os aterros sanitários que funcionam na região não enfrentam os problemas citados pelos moradores. E que acompanha as reuniões e as audiências públicas para garantir a transparência do processo.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente disse que o aterro CDR Pedreira possui licença de operação válida até 2023 e que o pedido de licenciamento para ampliação encontra-se em fase de análise.

Ampliação de aterro sanitário pode trazer risco ambiental e aéreo (Foto: TV Globo/Reprodução)Ampliação de aterro sanitário pode trazer risco ambiental e aéreo (Foto: TV Globo/Reprodução)

Ampliação de aterro sanitário pode trazer risco ambiental e aéreo (Foto: TV Globo/Reprodução)

Fonte: G1