10 seres vivos incríveis descobertos em 2017

Como diria o matemático Ian Malcom, personagem de Jeff Goldblum em Parque dos Dinossauros, a vida encontra um jeito. Todos os dias a ciência descobre animais, plantas, bactérias ou outras formas de vida evoluindo nos lugares mais inusitados, ou com os atributos físicos mais estranhos, tudo em nome da adaptação e da sobrevivência.

Em comemoração a esta biodiversidade fantástica no nosso planeta, a Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade do Estado de Nova York, nos EUA, faz todos os anos uma lista das 10 principais espécies novas descritas pela ciência no ano anterior.

A lista deste ano inclui mamíferos, insetos, árvores e outras espécies, algumas delas ou já extintas ou criticamente ameaçadas de extinção. Conforme seres humanos alteram os habitats e contribuem para as mudanças climáticas, as espécies estão se extinguindo a um ritmo mais rápido do que os cientistas são capazes até mesmo de denominá-las.

“Se não as encontrarmos, essas espécies serão perdidas para sempre”, alerta Quentin Wheeler, presidente da faculdade e diretor fundador do Instituto Internacional de Exploração de Espécies. “Elas podem nos ensinar muito sobre as complexidades dos ecossistemas e os detalhes da história evolutiva. Cada uma delas encontrou uma maneira de sobreviver contra as probabilidades da mudança de concorrência, do clima e das condições ambientais”.

Abaixo estão os seres vivos mais incríveis descobertos no ano passado e que formam a lista de 2018

10. Ancoracysta twista, o misterioso organismo unicelular


Em 2017, os cientistas encontraram uma maravilha microscópica diferente de tudo que eles já haviam visto. Os pesquisadores descobriram este protista vivendo em um coral em um aquário tropical no Scripps Institution of Oceanography, em San Diego, nos EUA. O organismo se impulsiona com uma cauda em forma de chicote, chamada de flagelo, e usa estruturas incomuns semelhantes a arpões para atordoar e se alimentar de outros protistas. Como os cientistas descobriram a espécie em cativeiro, eles não sabem suas origens geográficas na natureza.

As origens genéticas da célula também intrigaram seus descobridores. A. twista não se encaixa com nenhum grupo conhecido de organismos. Em vez disso, parece pertencer a uma linhagem inicial de eucariota anteriormente desconhecida.

9. Dinizia jueirana-facão, a gigante ameaçada


Apesar da destruição da Mata Atlântica nos últimos séculos, nós ainda estamos encontrando novas espécies de árvores nela. A Dinizia jueirana-facão é uma espécie de árvores maciças que se erguem a mais de 50 metros acima do dossel da Mata Atlântica brasileira, produzindo frutos com mais de 30 centímetros de comprimento. Membro da família das leguminosas, esse gigante de 62 toneladas é encontrado apenas dentro e nos arredores da Reserva Natural Vale, no Espírito Santo. Com apenas 25 árvores conhecidas, a espécie é considerada criticamente ameaçada.

A espécie irmã da árvore, a D. excelsa, foi descoberta há quase 100 anos. Em setembro, os cientistas descreveram a D. jueirana-facão, menor que sua parente, como uma espécie distinta.

A Mata Atlântica – que abriga mais da metade das espécies animais ameaçadas do país – continua em perigo. A região já cobriu 330 milhões de acres, mas os seres humanos já limparam 85% da floresta, que agora está fragmentada.

8. Epimeria quasimodo, o camarão corcunda


Cientistas descobriram 26 novas espécies de pequenos crustáceos no Oceano Antártico em 2017. Estes anfípodes são famosos por suas cores brilhantes, espinhas e grande variedade. Alguns vivem como predadores, nadando livres pelos oceanos, enquanto outros permanecem parados e alimentam-se por filtração. Mas uma dessas novas espécies chamou a atenção dos pesquisadores: este camarão com cerca de 5 centímetros de comprimento é corcunda, o que lembrou os cientistas do Quasimodo de “O Corcunda de Notre-Dame”, de Victor Hugo, por isso seu curioso nome.

7. Nymphister kronaueri, o besouro viajante


Muitas criaturas usam o mimetismo e a camuflagem para sobreviver em ambientes hostis. É o caso deste minúsculo besouro da Costa Rica, que usa seu tamanho e seu formato, primorosamente moldados pela evolução, para viajar de carona. O Nymphister kronaueri desenvolveu um conjunto de características que permitem que ele viva entre uma espécie específica de formigas-correição. Estas formigas são nômades – elas passam algumas semanas em um lugar antes de migrar por cerca de três semanas para um novo território com milhares de indivíduos. Quando as formigas se movem, o mesmo acontece com os besouros. É quando o mimetismo entra em jogo.

O besouro, com apenas 1,5 milímetro de comprimento, é moldado, dimensionado e colorido exatamente como o abdome de uma formiga operária. O N. kronaueri usa suas minúsculas mandíbulas para se prender no abdômen da formiga hospedeira enquanto o grupo embarca em sua jornada. Isso faz parecer que a formiga tenha dois abdomens. Eles provavelmente usam sinais químicos semelhantes aos das formigas-hospedeiras para evitar a detecção.

6. Pongo tapanuliensis, o grande macaco desconhecido


A família dos grandes símios recebeu um oitavo membro em 2017: os orangotangos Tapanuli. Em 2013, os pesquisadores compararam o crânio de um orangotango de Sumatra macho adulto, morto por humanos, com os de outros 34 orangotangos. No ano passado, eles anunciaram que haviam encontrado diferenças sutis suficientes para se convencer de que esse indivíduo pertencia a uma espécie distinta. Os tapanulis, nomeados em homenagem à região da ilha em que são encontrados, vivem no limite sul dos orangotangos de Sumatra. Estima-se que 800 indivíduos existam em um habitat pequeno e fragmentado.

Cerca de 674.000 anos atrás, orangotangos nas ilhas de Sumatra e Bornéu se dividiram em espécies diferentes. No entanto, as espécies de Sumatra divergiram cerca de 3,38 milhões de anos atrás. Além de três espécies de orangotango, as outras espécies de grandes primatas são gorilas ocidentais e orientais, chimpanzés, bonobos e, é claro, humanos.

5. Pseudoliparis swirei, o peixe mais profundo


Se continuamos descobrindo espécies na superfície da Terra, imagine quantas surpresas ainda se escondem no fundo do oceano. Pesquisadores que exploram a Fossa das Marianas, o lugar mais profundo da Terra, encontraram um grande número de peixes esquisitos, parecidos com girinos, surgindo para beliscar as iscas colocadas lá. Estes peixe-caracol translúcidos foram filmados 8 mil metros abaixo da superfície do oceano, o que os torna os peixes mais profundos do mundo. Os cientistas acreditam que a marca de 8 mil metros representa um limite fisiológico abaixo do qual a maioria dos peixes não pode sobreviver.

Apesar de medir apenas quatro centímetros de comprimento, o peixe das Marianas é o principal predador em seu habitat no fundo do mar, segundo os pesquisadores.

4. Sciaphila sugimotoi, a planta que se alimenta de fungos


A bela e diversa flora do Japão também guarda segredos bastante incomuns. Em setembro e outubro, a Sciaphila sugimotoi produz delicadas flores em apenas dois locais na floresta úmida de Ishigaki. A planta vive simbioticamente com um fungo, que fornece a energia necessária para que ela sobreviva, ao contrário das outras plantas, que utilizam a energia do sol usando a fotossíntese.

Cerca de 50 plantas compõem a espécie, que está criticamente ameaçada, segundo os pesquisadores.

3. Thiolava veneris, uma erupção bacteriana


Em 2011, o vulcão submarino Tagoro entrou em erupção e eliminou grande parte do ecossistema da costa de El Hierro, nas Ilhas Canárias. Três anos depois, uma nova bactéria foi o primeiro organismo a recolonizar a área.

Apelidada de “cabelo de Vênus” por suas longas estruturas semelhantes a pêlos, as proteobactérias ocuparam quase meio acre e cobriram o cume do Tagoro com um enorme tapete branco. A colônia, sugerem os cientistas, representa o início de um novo ecossistema a 130 metros abaixo da superfície do oceano.

2. Wakaleo schouteni, um leão marsupial


Cerca de 23 milhões de anos atrás, um leão do tamanho de um husky siberiano percorria a floresta australiana. Este marsupial comia carne e plantas e passava parte de seus dias nas árvores.

Restos fossilizados da criatura foram desenterrados na Área de Patrimônio Mundial de Riversleigh, em Queensland. O W. schouteni, como o animal ficou conhecido, foi um dos dois leões marsupiais que existiram no final do fim do período Oligoceno, 25 milhões de anos atrás.

A outra, o Wakaleo pitikantensis, foi descoberta em 1961 e era um pouco menor.

Nos anos seguintes, durante o período Minoceno, as espécies do gênero Wakaleo, ou pequenos leões, ficaram maiores, assim como os animais que eles caçavam. A vida das plantas da região, que também eram parte de sua dieta, também mudou, em resposta a um continente que ficava mais seco e frio.

1. Xuedytes bellus, o besouro das cavernas


Du’an Karst, um sistema de cavernas de calcário na província chinesa de Guangxi, é um verdadeiro reino de besouros terrestres que habitam as cavernas.

Até o momento, mais de 130 espécies foram descobertas na região, sendo a última o Xuedytes bellus. Esta nova espécie chamou a atenção dos pesquisadores pela forma como o besouro é extremamente adaptado às cavernas, com sua cabeça e pescoço longos e corpo esguio.

Os besouros que evoluem na escuridão das cavernas geralmente possuem um conjunto similar de características: corpos estreitos, pernas semelhantes a de aranhas e perda de asas, olhos e cor.

Fonte: Hypescience