Krishna pertence à raça Gir, desenvolvida na Índia ao longo de vários séculos.
A saga do touro liga o Brasil à era dos marajás na Índia, quando poderosos locais governavam microestados.
Krishna pertencia ao marajá da localidade de Bhavnagar, H. H. Shri Krishnakumarsinghji – que se notabilizara pela criação de bois e vacas preparados para resistir à maior ameaça local: ataques de leões.
Graças aos chifres voltados para trás e para baixo, os pescoços dos animais ficavam protegidos das mordidas dos predadores.
Na década de 1980, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) impulsionou a o melhoramento genético da raça Gir no Brasil ao se associar aos criadores.
Montou-se um grande banco de dados com informações sobre a lactação de cada vaca. O desempenho dos touros era medido por meio de suas filhas: quando produziam muito leite, garantiam boas notas ao pai.
Técnicas de inseminação artificial e de fertilização in vitro permitiram que vacas e touros com boa genética gerassem muitos descendentes ao longo da vida.
Estima-se que 80% do gado Gir brasileiro carregue genes do touro Krishna.
O avanço tecnológico também gerou um valioso mercado de embriões bovinos.
Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius Barbosa da Silva diz que técnicas de melhoramento genético fizeram a produção leiteira do país quadruplicar nos últimos 20 anos.
Ele diz que 80% do leite produzido no país hoje vem da raça Girolando – um cruzamento entre as raças Gir e Holandesa.
Nos últimos anos, a Embrapa foi procurada por autoridades indianas interessadas em importar vacas e touros Gir brasileiros.
Enquanto evoluía no Brasil, a raça foi minguando no país natal, misturada com outros tipos de gado sem que houvesse avanços relevantes em produtividade.
As vacas Gir agora voltarão a sua terra natal para incrementar a produção de leite num país onde boa parte da população é vegetariana.
Fonte: BBC