Moradores de cidades brasileiras estão passando por uma mudança de comportamento que tem reflexo na qualidade do meio ambiente.
Olhando para um copo, não falta nada. Mas muita gente achava que faltava. Cadê o canudo?
“É, tem que se acostumar… Não sabia mesmo, fui pega de surpresa”.
“É ecologicamente correto tirar um pouco do plástico, então, para mim, é válido”.
Pois é, em São Paulo, não é proibido, mas os canudinhos plásticos estão saindo de circulação. Uma rede de fast food, por exemplo, parou de colocar canudos e tampas para copos perto da máquina de refrigerante.
“Eu prefiro tomar sem, eu nunca pego o canudo”.
“Isso é ótimo, mas eu vim pegar comida para levar para o escritório, e aí eu preciso levar pelo menos a tampinha. Eu sei que é errado, mas eu vou levar para a viagem”, diz a vendedora Gabriela Mota.
“Costuma já vir junto, mas não muda muita coisa não, e se é por uma boa causa, melhor ainda”, afirma a vendedora Débora Cristina.
Os canudos e tampas sumiram de vista há alguns dias. Então, os consumidores estão se acostumando. Se o cliente fizer muita questão, ainda tem. Mas aí precisa pedir no balcão, porque fica tudo escondidinho. Agora, pequenas quantidades têm dado para o dia inteiro. Antes duravam uma hora.
Mas até o pequeno estoque deve ser substituído.
“Vamos entregar uma versão biodegradável para todo mundo a partir da próxima semana, para quem precisar”, diz Ariel Grunkraut, diretor de marketing da rede.
A iniciativa da empresa vai valer para as mais de 700 lanchonetes de todo o país. O cálculo é que cem milhões de canudinhos deixem de ir para o lixo por ano.
O Rio foi a primeira cidade brasileira a ter uma lei proibindo o uso de canudos de plástico. Mais de três mil estabelecimentos já receberam a visita de fiscais da prefeitura, que começam a aplicar as multas a partir de setembro.
Outras capitais, que ainda não têm essa lei, estão se antecipando. Em Belo Horizonte, já dá para ver a troca do canudo de plástico pelo de papel.
A novidade, em Campo Grande, são os canudos ecológicos e de vidro. O vidro também foi a opção escolhida em um café, no Recife.
E que tal um canudo de macarrão? A ideia surgiu num restaurante de São Paulo.
“É muito bom o canudo de papel, mas eu queria algo que impactasse o cliente. Quando o cliente pega um drink e fala: ‘nossa, que tipo de canudo é esse?’ É um canudo de macarrão, porque ele é bem mais resistente do que o canudo de papel”, conta o barman Cleyton Azevedo.
“Eu achei que ia quebrar, mas não quebra não”.
“Bem bacana, válido, porque de gosto mesmo não tem diferença nenhuma”, diz a farmacêutica Cassia Bufolin.
Na loja da Lívia, uma alternativa é o canudo de metal. Mas lá, todos os artigos do dia a dia dispensam o plástico. Ela montou até um jogo para levar na bolsa, com canudo de vidro e talheres de bambu. É para usar, lavar e usar de novo.
“O canudo foi o start de um movimento de conscientização de muitas pessoas. Acho que o nosso planeta está precisando muito disso, de uma força em conjunto muito forte”, diz a geógrafa Lívia Humaire.
Fonte: Jornal Nacional