Cientistas descobrem como surgem as ‘rugas’ na pele de elefantes africanos

Elefante africano tem a pele 'quebrada' — Foto: Divulgação/MICHEL MILINKOVITCH
Elefante africano tem a pele ‘quebrada’ — Foto: Divulgação/MICHEL MILINKOVITCH

As “rugas” que marcam a pele dos elefantes africanos não são marcas de envelhecimento. Cientistas descobriram é que a pele “racha” para melhorar a qualidade de vida dos animais formando uma intrincada rede de fendas minúsculas na superfície da pele do elefante.

Essas “rugas” retêm água e lama e ajudam os elefantes a regular a temperatura do corpo e proteger a pele contra parasitas e a intensa radiação solar.

Pesquisadores da Universidade de Genebra (UNIGE), Suíça, e do Instituto Suíço de Bioinformática da SIB relatam em estudo publicado na revista “Nature Communications” nesta terça-feira, 2, que os canais de pele de elefantes africanos são, na verdade, fraturas da camada mais externa da pele.

Os cientistas mostram que a pele hiperqueratinizada do elefante cresce em uma rede de elevações milimétricas, causando sua fratura devido ao estresse mecânico de flexão local.

Banho de lama

Sabe-se que os elefantes africanos gostam de tomar banho e pulverizar a lama sob a pele. Esses comportamentos não são apenas para diversão. De fato, os elefantes africanos não têm as glândulas sudoríparas e sebáceas que permitem que muitos outros mamíferos mantenham sua pele úmida e flexível.

Devido ao seu enorme tamanho corporal e ao seu habitat quente e seco, os elefantes africanos podem evitar o superaquecimento usando as “rachaduras” da pele.

Cobrindo-se com lama, os elefantes africanos também evitam os ataques de parasitas e a exposição excessiva da pele às radiações solares.

Uma avaliação minuciosa da pele do elefante africano indica que, além de sua característica rugosidade, o tecido é profundamente esculpido por uma intricada rede de minúsculas fendas interconectadas. Este padrão fino de milhões de canais impede o derramamento de lama aplicada e permite a propagação e retenção de 5 a 10 vezes mais água do que em uma superfície plana.

‘Rachando’ a pele

Graças a amostras de pele fornecidas por cientistas e museus na Suíça, França e África do Sul, uma equipe multidisciplinar liderada por Michel Milinkovitch, professor do Departamento de Genética e Evolução da Faculdade de Ciências da UNIGE e Líder do SIB Instituto Suíço de Bioinformática, mostra que os canais de pele de elefantes africanos são fissuras devido ao stress de flexão local causado pela camada mais externa da pele, sendo simultaneamente hiperqueratinizada e de descamação deficiente e crescendo numa rede de elevações milimétricas da pele.