Com base num radar marítimo de fabricação norueguesa, pesquisadores da Coppe/UFRJ e da UFF desenvolveram um sistema que promete ser uma importante contribuição para reduzir os impactos ambientais na Baía de Guanabara. A tecnologia inovadora, que mostrará com mais detalhes a dinâmica das águas, permitirá que o lixo flutuante seja detectado de forma mais precisa e que os resíduos sejam recolhidos com maior eficiência. A ideia também é usá-la na proteção ao ambiente em regiões portuárias, detectando e monitorando o vazamento de óleo e de produtos químicos.
O radar, de 3,5 metros de comprimento, instalado a 15 metros do solo, emite para a superfície da água pulsos de ondas eletromagnéticas, que são refletidas em rochas ou embarcações e retornam ao equipamento. As informações geradas por meio de computação de alto desempenho e modelos matemáticos possibilitam a definição de parâmetros, como dados sobre ondas e correntes, dispersão de vazamento de óleo e monitoramento de precipitação.
Coordenador do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe, o professor Luiz Landau explica que o radar foi instalado no topo do prédio do Instituto de Geociências da UFF, em Niterói, e tem um alcance de quase 100% da Baía:
É um local estratégico, especialmente porque abrange a entrada da baía, onde há muita passagem de embarcação. Nosso objetivo é chamar a atenção de autoridades e parceiros e contribuir para a limpeza ou, pelo menos, para redução dos impactos ambientais. É cuidar do nosso quintal, mas sabendo que o projeto pode chegar a uma escala mais global.
O meteorologista e pesquisador do Lamce, Fabio Hochleitner, garante que o equipamento pode ser instalado em vários pontos da costa brasileira.
O radar tem uma certa portabilidade e pode ser posicionado em uma série de locais, em montanhas, ilhas, embarcações ou mesmo em plataformas de petróleo. Assim, é possível criar uma rede integrada de monitoramento com os dados transmitidos via sinal de rádio ou satélites.
Inea usa ecobarreiras
O sistema será apresentado, na próxima quarta-feira, durante o 1º Workshop de Tecnologia de Radar Aplicada a Meteo-Oceanografia e Hidrografia, no campus Gragoatá da UFF, em Niterói, às 9h.
Atualmente, os lixos flutuante são contidos através de ecobarreiras instaladas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Desde julho de 2016, o sistema já barrou 13 mil e 600 toneladas de resíduos. Por outro lado, as obras do Sistema de Esgotamento Sanitário do Alcântara, em São Gonçalo, estão suspensas, assim como a construção de da Estação de Tratamento daquele bairro. Quando concluídas, as intervenções vão evitar o despejo de cerca de 1.900 litros por segundo de esgoto in natura em rios e córregos que deságuam na Baía de Guanabara. A secretaria de Ambiente informou que o governo terá recursos para retomar a obra ainda este ano.
Fonte: O Globo