A estratégia seguiria um movimento de grandes empresas globais que já anunciaram objetivos de usar apenas energia limpa, como Coca-Cola, Facebook, AbInBev e outras gigantes.
Atualmente, a companhia já tem cerca de 60 por cento de sua demanda atendida com geração renovável própria, proveniente de usinas hidrelétricas em sua maioria, nas quais possui participação acionária.
“A ideia seria chegar a 100 por cento, com o que falta vindo de energia eólica e solar”, disse a fonte, que falou sob a condição de anonimato.
A fonte não disse em quanto tempo a companhia pretenderia alcançar o objetivo.
Os custos com energia elétrica representaram 4,6 por cento do custo total dos produtos vendidos pela Vale em 2017, segundo o formulário de referência da companhia.
A Vale possui um parque gerador com 1,4 gigawatt em capacidade, por meio de participação em hidrelétricas e em uma joint venture em geração de energia junto à Cemig, a chamada Aliança Geração, que tem ativos hídricos e eólicos. A empresa ainda é sócia da hidrelétrica de Belo Monte, com 4,6 por cento de participação.
Além da capacidade de geração própria, a Vale também tem demonstrado um forte apetite pela compra de energia eólica e solar em contratos de longo prazo, disseram à Reuters duas fontes do setor de renováveis, que falaram sob a condição de anonimato porque não podem comentar sobre operações de clientes.
“Eles estão, sim, interessados em suprir a demanda com renováveis, com contratos de longo prazo”, afirmou uma das fontes.
“É um movimento que a gente tem visto em grandes empresas. Se você pegar as maiores empresas dos Estados Unidos, elas estão partindo para 100 por cento de renováveis e criando uma meta. A gente tem visto esse movimento começar aqui no Brasil, nas grandes empresas”, adicionou.
A estratégia faz sentido pelo apelo da sustentabilidade, que gera ganhos de imagem para as companhias, e pela forte queda dos custos da energia renovável no mercado brasileiro.
Os últimos leilões do governo para a contratação de projetos de geração tiveram os menores preços já registrados para a energia de usinas eólicas e solares, que ficaram inclusive abaixo dos valores praticados por hidrelétricas, a principal fonte de geração do Brasil.
Em seu formulário de referência, a Vale afirma que “a gestão e o fornecimento eficaz de energia no Brasil são prioridades para a Vale, dadas as incertezas associadas às mudanças no ambiente regulatório e os riscos de aumento nas tarifas”.
Procurada, a Vale recusou-se a comentar.
Mas o presidente da companhia, Fabio Schvartsman, disse em evento em São Paulo nesta semana que a companhia tem buscado participar do que chamou de “transformação energética”.
“Estamos trabalhando na transformação de toda energia que a companhia consome em energia renovável, especialmente a energia elétrica”, afirmou o executivo, citando como exemplo a adoção de veículos elétricos carregados com energia eólica e solar.
Na apresentação, no entanto, o executivo não fez menção a um cronograma para a adoção da energia renovável em todas as operações.