Imagine que você finalmente tem a oportunidade de tirar férias e escolhe Amsterdã como destino. Um passeio de barco pelos charmosos da capital holandesa está entre as atividades preferida pelos turistas, mas que tal coletar plástico que polui as águas enquanto admira a paisagem? É o que propõe a Plastic Whale.
Seis anos atrás, Marius Smit estava em Borneo quando, depois de uma tempestade, encontrou a praia inundada de plástico, resultando no que é conhecido como “sopa de plástico”, uma mistura tóxica de plásticos em vários estágios de decomposição que vão desde garrafas cheias até fragmentos microscópicos criados por anos de exposição à luz solar e ondas.
“Isso abriu meus olhos”, disse Smit ao Smithsonian.com. “Eu queria fazer algo [para ajudar a consertar] o problema da poluição plástica, mas quando voltei para Amsterdã, não sabia como”.
Foi quando teve a ideia de recolher o plástico dos canais de Amsterdã, e construir barcos com esse material. Para levar sua empresa da idéia à realidade, Smit pegou alguns barcos e convidou amigos para ir pescar nos canais de Amsterdã. Armados com redes e bolsas de pesca tradicionais, os voluntários pegaram tudo, de garrafas a sacolas plásticas.
A notícia se espalhou e, no evento seguinte, 450 pessoas apareceram prontas para limpar os canais. Na próxima vez, esse número triplicou para 1.200 pessoas a bordo de 72 barcos emprestados. Em 2013, a Plastic Whale estreou seu primeiro barco feito com conteúdo reciclado coletado por voluntários, trazendo o projeto completo.
“Meu projeto explodiu, e poucas semanas depois de viajar pela Holanda, as pessoas queriam me ajudar, oferecendo seus próprios conhecimentos, de advogados a contadores, a empresas de reciclagem e construtores de barcos”, contou Smit. “Sempre tive a intenção de criar uma empresa a partir disso, porque é autossustentável, mas também queria criar uma rede de civis, empresas e instituições governamentais que trabalhassem juntos para um resultado concreto e positivo.”
Aproximadamente 15 mil pessoas participaram dos cruzeiros de pesca plástica de duas horas com a Plastic Whale. Além dos indivíduos (os visitantes podem se inscrever através do AirBnb), os cruzeiros também se tornam populares entre as escolas e empresas locais.
Os voluntários retiraram quase 3 mil sacos de lixo dos canais e estão a caminho de reciclar mais de 30 mil garrafas plásticas. Enquanto grande parte do lixo coletado pela Plastic Whale não é reciclável e vai diretamente para o depósito, Smit e sua equipe reciclar garrafas de água feitas de polietileno tereftalato, que eles armazenam dentro de contêineres marítimos que alugam ao longo do porto oeste da cidade.
Uma vez por ano, o conteúdo vai para uma empresa local que transforma o plástico em grânulos que são transformados em placas de espuma PET que se tornam o núcleo dos barcos Plastic Whale. Já são nove barcos navegando pelos canais de Amsterdã, junto com dois barcos em Roterdã, uma cidade localizada a 80 quilômetros ao sul.
Com tanto barco, começou a pensar em outros produtos. “Começamos a vender os móveis em fevereiro deste ano.” Smit diz que a pesca de plástico se tornou tão popular que leva as pessoas para os barcos durante os frios meses de inverno.
O plástico é um material bonito e você pode criar muito com ele, mas ele não vai embora. Todos os dias toneladas e toneladas de resíduos plásticos entram nas águas do nosso mundo. As pessoas precisam estar cientes do fato de que existe um problema e uma necessidade de reduzir nosso uso de plásticos. Tudo começa com a consciência. ”
Essa consciêncientização chique, porém, não é barata. A empresa cobra R$ 113 para te levar para recolher plástico por Amsterdã.
Fonte: Revista Galileu